Os anos

Os anos

Estou sendo levado pelos anos. Meu pai morreu, a casa de minha mãe fez-se mais deserta.
É difícil aceitar a ideia de que me tornarei um punhado de pó, e por isso quero transformar tudo em escrita.

É início de abril e o tempo já não é tão quente, existindo uma brisa ocasional. Hoje, meu corpo resiste bem à degradação natural. O cérebro, não.

Consigo enganar o envelhecimento com dietas, vida saudável, sem abusos ou vícios.
O mundo nasce continuamente, morre continuamente.

Cada vida é um sopro, exalado por Deus. Cada morte é um sorvo, inalado por Deus.
Por vezes, basta um elemento para que a vida desapareça, como a violência.
Vivemos rodeados de brutalidades. A situação muda a todo instante na nossa cidade, no país e no mundo.

Nós somos os únicos animais que precisam de ao menos dez anos de assistência para que nos tornemos indivíduos em condições de sobrevivência — mas não aprendemos a sobreviver em paz.

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