“Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.” (Mateus 6.9)
Orar é algo intrínseco à nossa fé, à fé cristã. Orar é falar com Deus. Algo tão religioso e tão humano. Que sacerdotes, poetas e ciganos já se dedicaram a explicar. Que todas as vezes que alguém tenta, inevitavelmente precisa ir mais para dentro de si mesmo, embora o que pretenda seja alcançar os céus. Orar, algo que, como obrigação é pesado, enfadonho e árido. Se temos que orar, pois é o que se espera de nós, não oraremos pois não será possível. Se orarmos para nos sentirmos mais cristãos, para conquistarmos poder, estaremos seguindo para o lado oposto da Presença que a oração pressupõe – a presença de Deus. Podem nos impedir de entrar num templo, mas não podem nos impedir de orar. Orar é um direito inalienável do ser humano. Ora nos faz humanos!
Quando oramos nunca oramos sozinhos. Nossa voz deve ser completamente nossa, verdadeiramente nossa como expressou o salmista ao falar de seu clamor a Deus: “elevo a minha voz ao Senhor” (Sl 142.1). Mas sempre em nossas palavras o outro estará presente, inevitavelmente, pois o Pai é nosso! Não há pecado que confessaremos que também não seja do nosso irmão e também não há pecado que ele confesse que também não seja nosso, assim também como não há suplica, necessidade, perplexidade, angústia ou gratidão exclusivas. Tudo que se possa dizer a Deus em oração alguém já disse e alguém está dizendo. Em cada oração há toda uma humanidade presente e por isso ao orar a Deus deveríamos melhor compreender o próximo. Deveríamos conhecer melhor suas dores e arrependimentos. Se orar não nos fizer mais capazes para nos relacionar, não houve oração. Não a verdadeira!
Precisamos orar ao Pai nosso para podermos cultivar a vida com flores e frutos que a tornem uma celebração ao Criador. Na oração poderemos arrancar as ervas daninhas que são naturalmente fortes e resistentes: o orgulho, o engano, a maldade, a lascívia e toda forma de agressão ao nosso próximo e ofensa a Deus. É também na oração que poderemos gentilmente cuidar das rosas, girassóis e lírios, tão lindos quanto frágeis, e que jamais brotam ao acaso: a humildade, a gentileza, a presteza, a generosidade, o amor. Se orar não tornar nossa vida um tipo de jardim onde outros possam descobrir que Deus está por perto, não houve oração. Não a verdadeira! Por isso, na próxima oração vá com calma. Vá para render-se. A Deus e ao próximo. Vá para aprender a viver e servir. Assim não somente encontrará o que busca, terá o que é bom mas, sobretudo, será. Para a glória de Deus, nosso Pai.