O valor da tranquilidade

“Melhor é ter um punhado com tranqüilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr atrás do vento.” (Eclesiastes 4.6)

O que é melhor na vida? Esta pergunta admite muitas respostas e todos tem a liberdade de oferecer a sua. Mas, por fim, será a própria vida quem dará o veredito. Ela nos fará saber o quanto acertamos ou o quanto erramos nas escolhas que fizemos. A vida é uma ideia de Deus e tem leis próprias. Algumas inquebráveis e inegociáveis. O Universo tem leis morais, leis relativas ao propósito da existência que prevalecem diante de nossas perspectivas, ideias e até mesmo vontades. É por isso que costumamos dizer coisas como “a verdade sempre prevalecerá”. Estamos dizendo que, de alguma forma acreditamos que há leis que regem a vida.

Se dedicarmos um pouco de atenção a essas leis poderemos encontrar auxilio para discernirmos o que seja melhor diante das muitas possibilidades da vida. Se dermos atenção ao Evangelho de Jesus, Com certeza teremos este discernimento. O verso de hoje está tocando neste assunto. Vindo do livro de Eclesiastes que é um texto provocador, que discute a vida, que desnuda as contradições da existência humana e expõe a incômoda verdade de que a vida não é justa, ele é um importante alerta. O verso de hoje nos serve de orientação para decisões e escolhas. Ele afirma que a tranquilidade é melhor do que a abundância ou riqueza, se elas ameaçam a tranquilidade.

Talvez não pareça ser assim a princípio. Nosso mundo que é muito materialista, afirma que o dinheiro vale mais que tudo. “O dinheiro não traz felicidade mas paga a passagem de avião para irmos onde ela está”. Isso é o que se diz em tom de brincadeira, e se vive muito seriamente. O dinheiro é um grande valor para nós. Acreditamos demais nele.

Acreditamos que ele tem o poder de nos dar a vida que desejamos. Diante da possibilidade de ganhar dinheiro teremos a inclinação de minimizar a importância da tranquilidade, que talvez venhamos a perder para tê-lo.
Mas há caminhos melhores! Há caminhos na vida para conquistarmos bens sem precisar pagar este preço. É possível alcançarmos “dois punhados” sem com isso ter que perder a tranquilidade. A pressa, a ganância, a falta de temor a Deus, a falta de amor ao próximo, são aspectos que nos expõem à insensatez e nos desorientam, podendo nos levar a comprometer o mais importante por causa do menos importante. Afetados por eles acabaremos escolhendo caminhos que se revelarão um péssimo negócio.

Na busca por bens, por riqueza, por vantagens financeiras, podemos perder muito. Podemos perder a nós mesmos ao ponto de nos perguntarmos ao final: que pessoa é essa que me tornei? Jesus advertiu: “que proveito há em alguém ganhar o mundo inteiro e perder a alma?” (Mc 8.36). Normalmente o que a ganância, o apego ao dinheiro nos tira, não pode ser recuperado com o que nos proporciona.

Se perdermos amigos, se perdermos a oportunidade de ver nossos filhos crescerem, se perdermos a simplicidade e pureza de nossos atos, se perdermos a paz de poder olhar qualquer pessoa nos olhos, se perdermos a benção da comunhão com Deus, não terá valido a pena. O que ganharmos não compensará o que teremos perdido e que talvez não possa mais ser recuperado.

Que a tranquilidade tenha mais valor para nós do que “dois punhados”. Que pessoas tenham mais valor que coisas. Que nossa comunhão com Deus nos seja mais preciosa do que riquezas e bens. Se ter “dois punhados” for comprometer a paz com Deus e com as pessoas, prefira viver com apenas um. Creia: será uma negócio infinitamente mais vantajoso! Afinal, como dizia Albert Eistein: “nem tudo que conta, pode ser contado; e nem tudo que pode ser contado, conta”.

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