O outro Brasil

O outro Brasil

Houve um tempo em que sonhei coisas – não foi ser eleito senador federal nem nada, eram coisas humildes que, entretanto, não fiz, nem, com certeza, farei.

Era, por exemplo, arrumar um barco de uns 15, 20 metros de comprimento, com motor a vela, e sair tocando devagar por toda a costa do Brasil, parando para pescar, não sei, me demorando em todo pertinho simpático, Morro de São Paulo, Moreré, Boipeba, Fernando de Noronha, ir indo ao léu, vendo as coisas, conversando com as pessoas – e fazendo um livro tão simples, tão bom, que até, talvez, fosse melhor não fazer livro nenhum, apenas ir vivendo devagar a vida lenta dos mares do Brasil, tomando uma cervejinha de cada lugar, sem pressa.

Isso devia ser bom, aprendendo a fazer as coisas singelas que vivem fora das estatísticas e dos relatórios, pois ainda há um Brasil bom que a gente desperdiça de bobagem, um Brasil que a gente deixa para depois, e, entretanto, parece que vai acabando.

Já tomei muito avião para viajar, mas o certo não é assim, é ir tocando por essas roças de Deus a cavalo, nada de BR-316, ir pelos caminhos que acompanham com todo carinho os lombos e curvas da terra, aceitando uma xícara de café na casa de um nativo.

Só de repente a gente se lembra de que esse Brasil ainda existe, o Brasil ainda funciona a lenha e lombo de burro. Dizem que ainda tem até capivara e suçuarana – não, eu não sou contra o progresso, mas uma Coca-Cola não é capaz de ser como um refresco de maracujá feito de fruta mesmo.

João Misael Tavares Lantyer
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*Este artigo emite, exclusivamente, a opinião do autor

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