“Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta.” (Filemom 1.18)
Há um jeito nosso de lidar com problemas e um jeito inspirado no Reino de Deus. O nosso, formatado por nossa cultura, na melhor das hipóteses inspirando um desejo de ver o nosso senso de justiça satisfeito e, na pior, inspirando o desejo de ver atendida a própria vontade. O do Reino de Deus proposto por Ele nos diversos ensinos das Escrituras e também nas memórias usadas por Espirito Santo para nos fazer ver as coisas de modo diferente, inspirando o desejo de honrar o amor que levou Deus a nos tratar com graça. Precisamos entender que a vida cristã acontece no enfrentamento das questões e problemas e no modo como escolhemos agir e reagir e não no templo, enquanto realizamos nossas liturgias e dizemos a Deus coisas que acabamos negando no modo como vivemos. Nosso culto do templo, nossas músicas e orações litúrgicas não são a vida cristã.
Onésimo estava em fuga. Era preciso voltar, mas havia medo e nenhuma vontade. Era preciso que algo mudasse dentro dele e o Evangelho pregado por Paulo, com palavras e atitudes, fez sua obra. Ele o Cristo do Evangelho deu-lhe razões e forças para voltar. Filemom estava aborrecido, bem certamente. Um escravo havia roubado e fugido, ao que tudo indica. As autoridades estavam informadas. Mas Filemom era um convertido e precisava ampliar sua visão dos acontecimentos. “Senhor, Onésimo está aí à porta!”, talvez tenha ouvido certa tarde. Surpresa, mas não a maior. Onésimo voltou e trouxe uma carta consigo. Como Filemom reagiu ao lê-la? Não sabemos ao certo. Paulo confiava que ele atenderia seus pedidos e penso que o tenha feito.
Ser cristão é ter o chamado para exercitar um jeito novo de lidar com a vida e enfrentar problemas. Um jeito diferente do jeito que a lógica puramente humana indica. Mesmo a maturidade e a experiência, por mais que ajudem, ainda nos deixam limitados face ao que nos é possível sob a influência do amor e da graça divinas. Elas inspiram um jeito que evoca paciência, amabilidade, equilíbrio e domínio próprio. Um jeito até mesmo que inclui bom humor, inspirado pela alegria do Espírito. Um jeito que insiste e nos leva a apertar os olhos para vermos mais longe, o depois, e discernir o que há mais para além da fumaça das emoções e das circunstâncias. Um jeito cujo propósito está na reconciliação, no perdão e na vida. Um jeito que paga o preço, inclusive do outro, para estabelecer a paz. Que jeito é o seu?