O ladrão e Jesus

“O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.”  (João 10.10)

O ladrão e Jesus. Um em posição oposta ao outro. Morte e vida. Todos os dias o ladrão furta, mata e rouba. Todos os dias a vida é guardada, preservada e edificada por Jesus. O que aos nossos olhos é apenas mais um capítulo da rotina em que se desenvolve a vida, na perspectiva deste verso é mais um capítulo de proporções eternas. Eles não são competidores. Jesus veio desfazer as obras do ladrão (1 Jo 3.8). Como uma vela que queima um pouco a cada dia, assim é a vida humana. Sob a influência do ladrão ela apenas se acaba, se queima, torna-se mais curta e com menos esperanças a cada dia. Sob a influência de Jesus ela ilumina enquanto acontece. Não apenas se desgasta, mas cumpre um propósito. E seu fim, por fim, anunciará um começo não mais como algo tão breve e frágil. Pois, com Jesus, ainda que exteriormente estejamos a nos desgastar, interiormente estamos sendo recriados. Mesmo as dores e perdas tornam-se sementes de alegria e vida (2 Co 4.15-16).

A vida plena proposta por Jesus não promete interferência nas muitas circunstâncias que caracterizam a existência neste mundo marcado pelo pecado. Mães cuja vida foram entregues a Cristo ainda perderão seus filhos e algumas em circunstâncias muito tristes. Cônjuges ainda precisarão enfrentar relacionamentos difíceis e alguns perderão seus casamentos. Não haverá dinheiro para atender os desejos, mesmo os desejos dignos e justos. Alguns não terão dinheiro para as necessidades fundamentais e sofrerão carências. A vida plena não elimina dúvidas, tristezas, perdas. A vida plena não nos fará equilibrados o tempo todo ou completamente capazes para lidar com o que nos acontecer. Ela não significa a garantia de que somente nos acontecerá o que considerarmos suportável. Embora alguns possam desfrutar uma existência marcada por coisas pelas quais agradecerá com freqüência, outros poderão ter a vida marcada por dores que pesarão sobre seus ombros. Que plenitude então de vida é essa? Qual o seu sentido ou o seu significado?

Perguntas difíceis de serem respondidas. É preciso saber a diferença entre crer e sentir-se amado por Deus e não ter essa certeza. A vida no amor de Deus é plena, com o que ela nos dá e apesar do que ela possa tirar de nós. Já a vida sem esse abraço amoroso do Criador é fugaz e não chega a alimentar nosso senso de significado e propósito, ainda que alcancemos conquistas profissionais, financeiras ou intelectuais. Sem o amor de Deus derramado em nosso coração a vida precisa ser um movimento constante e ascendente, o tempo todo, do contrário notamos que falta algo dentro, que falta sentido atrás das cortinas, que não temos certeza ou segurança sobre o depois. No amor de Deus morte nos entregará tudo. Sem ele, a morte nos tirará tudo! Que em sua vida, cada dia seja um dia de Jesus, do Cristo que dá vida à sua vida, e não do ladrão.

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