Hoje somos obrigados a ser cruéis contra a nossa vontade.
A inação de não abraçar, não reunir para um churrasco, aniversário, velório, de só ter contato por uma tela de celular ou computador com um parente no hospital deprava o espírito e faz nascer maus sentimentos, como a tristeza e a depressão.
O sal da vida ou o açúcar são as conexões humanas. Em um mundo cinzento, a carência se destaca. As inesperadas possibilidades são reduzidas.
As belas sensações dentro de nós são sufocadas por um leve aperto na energia de vida. Não estávamos preparados para a desconexão por muito tempo, deixando de sentir sensações de proximidade, de troca de energia.
Nos dias de hoje, nasceu um mundo de solidão perante nossos olhos cansados da falta do abraço, da aproximação em show, teatros cinemas, de estar ao vivo e a cores perto do outro, sem máscaras, sem gel, sem medo.
Hoje temos o mundo triste e sem fim; um grande mundo assombrado onde conforme o filósofo Sartre dizia: “O inferno são ou outros”.
Agora todos nas suas casas. É um momento que temos piedade de todos, dos ricos e dos pobres. Vai passar um tempo, nessa transição entre as trevas do hoje e o campo eletrizante de luz onde o fio que ligava as criaturas umas às outras por milhares de nós tenazes voltará a ser reconectado.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.