Ele existe, a maioria das pessoas não gosta deste tema, entendo, estamos vivos, pensemos na vida, mas o fim é certo, e neste mundo temos que enfrentar este momento sozinhos, para alguns com a ausência de Deus e com ele para outros.
A primeira pergunta que faria a Deus seria. Para que me trouxe até aqui? Não terei resposta. A dor forte do corpo volta, estou em silêncio, mas ouço a voz da alma; como se ouvisse o fluxo dos pensamentos que se erguiam dentro de mim, “Do que você precisa?” Foi o primeiro pensamento claro, capaz de ser expresso por meio de palavras, que ouviria.
Do que preciso? Do que realmente preciso? Do quê? Não sofrer? Viver responderia.
Teria uma atenção concentrada, que a dor pararia neste instante. Viver? Como assim, viver? Perguntaria a voz da alma. Sim, viver como eu vivia antes; bem, de maneira agradável. Como vivia antes, vivia bem e de maneira agradável? Perguntaria a voz. E eu procuraria escolher, na imaginação, os melhores momentos de minha vida agradáveis. No entanto — coisa terrível, todos aqueles melhores momentos de minha vida agradável agora, no fim, parecem tão distantes do que quando os vivi. — Todos exceto as primeiras lembranças da infância. Lá, na infância, havia algo de fato agradável, algo com que seria possível viver, se tudo voltasse. Porém, a pessoa que tivera aquela experiência agradável já não existia mais: era como a lembrança de outra pessoa. Tudo o que parecia alegria, agora se derretia diante de meus olhos, e se transformava em algo insignificante. Quando mais longe da infância, quando mais próximo do presente, mais insignificante e mais duvidosas eram as alegrias. Achamos quando a doença surge repentinamente que estamos subindo a montanha, no exato momento que a vida escapa por baixo de nós… E agora acabou-se, pronto: morra!