“Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (2 Timóteo 1.7)
Paulo está iniciando sua carta ao líder cristão Timóteo em que fala dos desafios da fé. Lembra-lhe da autenticidade do chamado que recebeu, talvez em referência e contraste com os mercadores do Evangelho, já presentes naquele tempo. O apóstolo fala do espírito da fé cristã, que se caracteriza por poder, amor e equilíbrio. Uma fé de espírito triplamente caracterizado, sendo que nenhuma das três características é opcional. As três são fundamentais e a fé dos que verdadeiramente seguem a Cristo é marcada pela integração das três, como algo único.
No cristianismo há sempre esse tipo de integração em que o amor está presente. Neste texto Paulo coloca de um lado dele o poder e do outro o equilíbrio. Frequentemente nos lembramos do poder de Deus, mas nos esquecemos de Seu equilíbrio. Esquecemos que Deus é tão equilibrado quanto poderoso. E tão amoroso quanto poderoso e equilibrado. Mas chamo sua atenção hoje para o equilíbrio, em que tão pouco pensamos mas que é tão necessário para que possamos lidar de forma saudável com nossas contradições e inclinações. A fé em Cristo e a presença de Deus devem nos fazer lembrar mais do quanto necessitamos de equilíbrio para viver a nossa fé.
Fala-se muito nos círculos da fé cristã sobre “autoridade espiritual”. Pois bem, o que seria ela? Diferente do que tão frequentemente aparece nas falas de alguns, ela é, antes de tudo, uma integridade pessoal sustentada por poder, amor e equilíbrio. Ela não é o direito que alguém recebe de exercer domínio sobre outros. Antes, é o domínio que exercemos sobre nós mesmos, para que possamos ser capazes de respeitar e contribuir com a liberdade dos outros, nutrindo relacionamentos saudáveis. Nesse momento em que a fé na história está tão confusa e a religiosidade tão promíscua, devemos entender melhor o que caracteriza e o que não caracteriza o espírito cristão. E que o espírito de nossa fé seja o espírito da fé cristã.