“Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas.” (Mateus 6.14-15)
Na maioria das vezes em que estou escrevendo, meu cachorrinho, o Doug, está no meu colo. Enquanto trabalho, ele dorme. Mas, como é natural a um cachorro, sua audição é muito sensível e, de repente ele se senta e suas orelhas ficam levantadas. Ele então começa a latir. Eu ainda não ouvi, mas alguém está chegando. Em instantes ouço o portão lateral da garagem sendo aberto. É nossa ajudante. Só depois de vê-la e ela brincar com ele um pouco é que volta a deitar-se para continuar cochilando. A atenção constante à aproximação de pessoas e a alegria de encontrar pessoas (mesmo desconhecidas), são marcas do Doug. Ele valoriza cada pessoa que chega em minha casa. É sempre assim: o Doug dá atenção e pede atenção de todos que se aproximam. As vezes um cachorro tem muito a ensinar a nós, seres humanos, criados à semelhança de Deus, mas que nos perdemos dele.
A fé cristã é, entre outras coisas, um chamado para que a natureza que se estabeleceu em nós pela educação, por herança genética ou, especialmente, pelas experiências vividas numa sociedade sem amor, seja transformada. Nossa sociedade pouco ensina ou privilegia o amor e o serviço ao semelhante. De várias formas ela nos ensina a substituir pessoas por coisas. Isso não combina com o Reino de Deus. Ele é de outra natureza. O Deus que nos deu vida ama pessoas. Em Seu Reino aprendemos que sem amor uns pelos outros a vida fica pobre, independente das riquezas que tenhamos. E ignorar isso é o pior tipo de pobreza! Pessoas são insubstituíveis. Todos são insubstituíveis, enquanto tudo é substituível! Carros, casas, joias, comidas e roupas não dão sentido à vida. Enquanto o olhar de uma pessoa pode mudar tudo! Por isso, no Reino de Deus, é proibido conservar o ódio, a mágoa, o ressentimento e o motivo, seja ele qual for, que nos leva a romper com outro. No Reino de Deus o perdão é um mandamento, e não um conselho. É um dever, não uma opção.
Há sempre perguntas que fazemos sobre como lidar com esse dever diante de certas situações. Afinal, perdoar e ser perdoado são duas faces de uma só moeda. As vezes um quer perdoar mas o outro nem mesmo quer reconhecer que errou. Um se esforça para perdoar mas o outro simplesmente abusa do perdão. Essas e outras coisas semelhantes, acontecem. Mas, ainda assim, o mandamento permanece. Temos o dever de perdoar, ainda que, em função do outro, tenhamos que manter distância. Porém, Deus verá e julgará nossa atitude, o que há em nosso coração. Mas estejamos certos de que nada mudará um fato: no Reino de Deus, perdoar é um mandamento irrevogável e, não perdoar, uma desobediência injustificável. Pois, nesse Reino, pessoas são preciosas demais. Elas devem sempre ser notadas, amadas, cuidadas e, quando falharem, perdoadas.