O dever de beijar

“Saúdem uns aos outros com beijo santo.” (Romanos 16.6)

O dever de beijarA saudação é uma espécie de cartão de visitas de um encontro. O modo como a pessoa nos saúda e ou como a saudamos, faz toda a diferença. Há algumas formas muito boas de receber alguém e a fé cristã ensinada pelos apóstolos incluiu isso também. Paulo, repetidamente em suas cartas, orienta a saudação com o beijo santo. Uma expressão de intimidade respeitosa, que valoriza o outro. Cujo valor considera também o coração. Não é apenas dar um beijo no irmão, mas faze-lo com um coração bonito, aberto, limpo. Para que seja assim, é necessário que estejamos comprometidos com o perdão, com a aceitação, com o não julgamento. Isso nos lembra que devemos continuamente nos esforçar para melhorar nosso coração afim de que nosso beijo, de fato, seja santo.

Acredito que a melhor forma de entendermos o adjetivo “santo”, do ponto de vista prático, é associá-lo ao adjetivo “saudável”. Talvez, em função de nossa herança religiosa ou da própria história da religião, “santo” evoque mais ideias como “restrito”, “intocável”. Algo de outra espécie, diferente do comum, e que não é possível senão a um certo grupo de especiais. Mas a vida de Cristo nos ensina que santidade deve nos levar a pensar em outras coisas. Coisas como “equilibrado”, “verdadeiro” e, especialmente, “cheio de amor”. Tudo que agrada a Deus é santo e tudo que é santo, agrada a Deus. Mas nem tudo que é religioso agrada a Deus e portanto, ainda que possa corresponder às nossas ideias de santidade, não são de fato santas. Para conhecermos santidade precisamos andar com Deus. Não basta participar de liturgias e cumprir regras, submetendo-nos às doutrinas e às ideias de nossa religião ou nosso líder religioso.

O “santo” não é alguém que anda com os dentes trincados e os punhos cerrados contra sua própria natureza e contra os outros (normalmente, uma coisa leva à outra). É alguém envolvido pela leveza de ter sido perdoado, de ser amado e de pertencer a Deus. O destino do “santo” é melhorar como gente, emocionalmente, e beijar cada vez melhor. Beijar acolhendo, valorizando e tocando o coração. Beijar respeitando o outro em sua condição e aceitando-o. Beijar para que fique claro que há lugar e respeito para o outro. Este ano precisamos beijar mais, seguindo a recomendação do apóstolo. Ainda que nossos lábios não toquem o rosto do irmão. Mas que o olhar, a mão estendida, o interesse e a boa vontade para com o outro faça-o sentir-se bem-vindo e, com o tempo, encorajado a mostrar o coração, partilhar a vida e ser, conosco, um só Corpo em Cristo Jesus.

 

 

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