“Disse também Deus a Moisés: “Diga aos israelitas: O Senhor, o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.” (Êxodo 3.15)
Vivemos dias complexos quanto a fé. Em toda história cristã jamais tivemos tanta informação sobre Deus quanto temos hoje. Jamais tivemos tanta literatura, tanta música, tantos pastores. Temos também bispos e bispas, apóstolos e apóstolas. Jamais tivemos tantos templos e denominações, programas de TV e rádio, dos mais variados tipos, ministérios e obras em nome da fé. Jamais tivemos tantos modelos para seguir, tantos materiais para discipulado, tantas formas e fórmulas à disposição. Mas nem por isso poderíamos dizer que vivemos dias realmente promissores quanto ao Evangelho de Cristo. Nem por isso podemos ver o Reino de Deus sendo manifestado e, mesmo no ambiente religioso, sente-se falta dos sabores do fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”.(Gl 5.22-23)
Talvez esteja crescendo o número daqueles que não creem na existência de Deus. Que se perguntam: em meio a tudo isso, quem é Deus e onde Ele realmente está? Lembro-me da experiência de Elias que, numa brisa leve e suave encontrou-se com o Senhor (1 Rs 19.12-13). Lembro-me da alma angustiada do salmista que lutou consigo e com Deus e descansou pela fé na bondade divina (Sl 42). Sem grandezas ou orgulho: apenas um homem ansiando por Deus! Sobretudo, lembro-me de Jesus, de sua simplicidade, silêncio e calma. De seus ensinos que nos causam dúvida e desafiam nossa lógica. De seu Evangelho que anuncia uma graça tão espetacular e um amor tão desconcertante que a gente crê tentado a duvidar. Ao ler a conversa de Deus com Moisés, vejo Deus revelando-se por meio da identidade de homens. Ele é o “Eu Sou”, mas também é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ele não podia ser visto, mas aqueles homens eram conhecidos. E Deus diz a Moisés: “Eu sou o Deus deles”.
Transformamos o Evangelho numa mensagem e criamos uma fórmula para a fé. O impessoalizamos! Nossos lábios dizem muito, mas nossas vidas, pouco. Há pouco amor, misericórdia e compaixão. Queremos, orgulhosamente, dizer que subimos ao monte da transfiguração, que vimos à manifestação da glória de Deus e sabemos os mistérios de Sua palavra. Mas continuamos passando de largo, como o sacerdote e o levita fizeram com o samaritano. Como os mestres da lei e os fariseus, para “pecadores e pecadoras”, só temos pedras a oferecer. E, pior que eles, nem ouvimos a regra de Cristo: quem estiver sem pecado, atire a primeira! Seus amigos talvez não saibam quem foi Abraão, mas sabem quem é você. Que sua vida os inspire. Que Deus possa revelar-se a eles como o seu Deus. Que o Espírito Santo nos faça verdadeiros embaixadores do Reino de Deus.
ucs