O DEUS QUE ME VÊ

“Este foi o nome que ela deu ao Senhor que lhe havia falado: ‘Tu és o Deus que me vê’, pois dissera: ‘Teria eu visto Aquele que me vê?’” (Gênesis 16.13)

Foram muitas as pessoas nas Escrituras que, diante de uma experiência com Deus, atribuíram-lhe um nome. Ou ao próprio Deus ou ao lugar, como fez Abraão. Diante da experiência no monte em que ele sacrificaria Isaque, tendo Deus providenciado um cordeiro para o sacrifício, Abraão chamou o lugar de o Senhor Proverá, o monte do Senhor proverá (Gn 22.14).

Aqui temos a experiência de uma escrava, uma mulher aflita e em fuga. Que não tinha ninguém por ela. Pelo menos, assim acreditava. Mas surpreendeu-se diante da manifestação de Deus. Ela compreendeu que Deus a estava vendo. Deus se importava. Deu-lhe então um nome muito especial: o Deus que me vê!

Ao ler este texto me vem a mente aqueles que sofrem de invisibilidade social. Aqueles que ninguém vê. É um fenômeno social dos nossos tempos. Os invisíveis são os ignorados. Alguns cientistas sociais dizem que aquelas crianças que fazem malabarismos nos sinais estão, na verdade, esforçando-se para serem vistas. Mais do que receber alguma coisa, querem ser notadas. Querem perceber olhares dirigidos a elas, querem receber alguma atenção.

Há muitos invisibilizados em nosso mundo. Não deve ser fácil ser alguém que não é notado, que não importa às pessoas, que não interessa ao mercado. Não deve ser fácil não ser visto. Estar ali e então cada pessoa que passa procura não ver, não notar. Hagar nos faz lembrar que Deus é o Deus que vê. Descartes dizia, penso logo existo. Num mundo capitalista a lógica parece ser outra: compro, logo existo. Mas Deus é aquele que vê.
O Deus que vê é o Deus que me vê e que pode me ensinar a ver melhor. As vezes os olhos com que olhamos o próximo não é adequado, não é bom. As vezes nosso olhar não percebe o outro ou não reconhece o valor do outro.

Precisamos aprender a ver com o Deus que nos vê. Às vezes ver pode ser algo doloroso, desconcertante, incomodo. Mas ver pode produzir vida.
Se aprendermos a ver a nós mesmos como Deus nos vê, haverá mais saúde e santidade em nós. Se aprendermos a ver o nosso irmão, o nosso próximo, como Deus o vê, haverá mais amor e misericórdia. Se aprendermos a olhar a vida como Deus a vê, haverá mais esperança e mais fé. Que o Deus que vê nos ensine a ver e vendo, possamos ser sinais do Reino de Deus.

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