“Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.’ ” (Mateus 6.9)
Jesus não apenas nos deixou Seu exemplo de oração, que tanto nos diz sobre o quanto precisamos orar, mas nos deixou uma oração para orientar-nos, inspirar-nos. E ela começa com “Abba”, um vocábulo traduzido em nossas Bíblias como “Pai”. Melhor seria se a tradução fosse “Paizinho”. Pois o termo usado por Jesus mais salienta o caráter amoroso e a proposta de intimidade, de proximidade, do que uma posição, algo que salienta o dever de reverencia e respeito. Não que devamos faltar com respeito a Deus! Mas Jesus parece estar nos incentivando a uma relação de amor e confiança com o Criador. O começo da oração diz muito sobre o que virá depois.
A oração ensinada por Jesus começa, não com uma reverência ao Deus a quem vamos orar, mas com uma espécie de boas vindas a quem vai orar. “Você está encontrando-se com seu Papai Celeste! Você é bem vindo!” É uma oração que nos pede para abandonar as falsidades, os fingimentos, as etiquetas, e simplesmente nos entregar da forma mais verdadeira possível. Estamos diante do Papai. A palavra de ordem é amor. Não vamos orar porque temos direitos, porque somos bons o bastante para ter uma conversa diretamente com Deus. Vamos orar porque somos amados. Ele se fez nosso Papai. Ele se deu a nós. Na oração o Todo Poderoso se apresenta com o Todo Amoroso. Na oração Ele, como na experiência do profeta Elias, revela-se no murmúrio de uma brisa suave (1 Rs 19.11-13), e não como fogo consumidor (Hb 12.29).
Talvez o primeiro obstáculo a ser vencido na experiência da oração seja aprendermos a nos sentir à vontade diante de Deus. Seja verdadeiramente crermos que somos amados. E mesmo pecadores, não agirmos como se estivéssemos separados, distantes de Deus. Talvez seja nos dedicarmos mais a receber o abraço de Deus do que a explicar nossos pecados. O começo da oração precisa ser o estabelecimento dessa plena confiança no amor de Deus, nosso Papai. A certeza de que Ele nos recebe. E então tudo mais pode vir: suplica, gratidão, confissão de pecados… inclusive apenas o silêncio. Somos bem-vindos quando oramos! Não precisamos temer. Somos amados. Etiquetas não são exigidas. Apenas braços abertos para abraçarmos e sermos abraçados.