Às vezes é um investimento, às vezes para morada, pode ser uma pechincha ou exorbitante, perto ou longe do centro, com um, dois, três ou quatro quartos, conjunto ou mansão. Há pouco visitando apartamentos, o corretor mostrou dois apartamentos, e nos levou para dar um parecer. O do Gracia, espaçoso, com vista para a rua, mas era escuro, e era no primeiro andar, nem pensar. O outro na Barra Avenida, causou uma impressão negativa pelo tamanho e o piso gasto, o positivo era o pé direito alto, mas muito barulho.
No Brasil é o sonho da classe média nos Estados Unidos não se compra, mas sim, se faz uma hipoteca. Para um acontecimento tão importante, que tem que ficar a vida toda na memória, escolhe-se até o limite da renda familiar. Talvez o casal tenha que passar a vida inteira, trabalhando como se fossem duas máquinas de trabalho, nesta hora penso, valem muito os bens da fortuna, eles dão a maior felicidade da terra, que é a independência absoluta.
O corretor contou várias histórias de compras, o de um casal feliz pela compra do apartamento em um conjunto, perto do canal, foi barato com dois quartos, sem elevador, só três andares. Após a compra ficaram sentados em silêncio sociável, ouvindo os sons do bairro: crianças berrando na rua, o dingue-dingue dos sininhos das bicicletas no caminho à margem do canal numa manhã abafada. Nas minhas caminhadas matinais a compreensão me atingiu como um golpe de cassetete com clareza pertubadora, entendia que, a classe média tem que lutar muito para ter sua casa própria.