“O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom.” (Romanos 12.9)
“Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” (Romanos 12.21)
O verso 9 inicia uma parte do capítulo 12 que poderíamos classificar com as orientações de Paulo para lidarmos com problemas e conflitos. Ele abre essa seção com o verso 9 e fecha com o 21. Abre pedido que o amor seja sincero, verdadeiro. Seja de fato um compromisso relacional de cada um dos cristãos de Roma. Como prova de que estavam amando sinceramente, verdadeiramente, deveria “odiar”, em hipótese alguma acomodar-se ou admitir, o mau entre eles. Ao contrário, deveriam “apegarem-se”, estarem comprometidos decididamente, não aceitando abrir mão, ao que é bom. O apóstolo fecha essa seção uma vez mais voltando ao tema do que deve ser perseguido e do que deve ser evitado. O mal é fonte de atos maus. O bem, de atos bons. Eles deveriam resistir o mal, não deixar que o mal “desse as cartas”. E fazer isso praticando do bem, como forma de superar o mal. Deveriam vencer o mal pela prática do bem.
Entre esses dois versículos o apóstolo coloca diversas instruções que deveriam orientar os relacionamentos daqueles irmãos. São instruções muito importantes para nós também. Não representam tudo, mas exemplificam as muitas coisas que o amor deve nos inspirar a fazer. No universo criado por Deus há uma ética, uma moral, que nos coloca em alinhamento com o Reino de Deus. Ela não pode ser definida por cultura, hábitos ou tradições. É preciso que vivamos uma espiritualidade para além de nossa religiosidade, que se constitui de uma relação diária e pessoal com Deus, para aprendermos sobre o amor e redefinirmos a vida ao nosso redor que se alinhe à ética do Criador. Pois as nossas tradições e interpretações sobre a vida podem ser antagônicas ao amor, mas nem perceberemos isso. Nosso irmãos batistas americanos costumavam levar seus escravos para o templo onde iam adorar a Deus e deixa-los “guardados” em cubículos preparados sob o santuário, para guiarem suas carroças e carregarem suas cargas após o culto. Tudo lhes parecia bastante normal, mesmo diante de movimentos que já combatiam a escravidão em seu país.
Temos muito a aprender sobre nosso dever de amar e dar vida ao bem por meio de atos bons. Nossa fé não é apenas a fé que envolve conceitos ou doutrinas. A fé cristã é a fé, sobretudo, da vida, que a enfrenta, procura entender e responde a ela com base no amor de Deus. Nenhuma atitude de ódio e desprezo é justificada. Nenhuma pretensão que nos leve a julgar e condenar nosso irmão é justificada. Fazer o bem, praticar o que é bom, será sempre o certo a fazer. E é estranho quando, defendendo o que é certo, praticamos atos maus, deixamos de lado o bem e nos distanciando das atitudes próprias do amor. Por isso, com toda força do nosso coração, escolhamos um amor sincero, verdadeiro, pois o de outro tipo não é amor. Rejeitemos toda maldade e falta de amor e tenhamos apego inegociável ao que é bom. O mal pode ser sedutor e é sempre opressor. Não nos deixemos vencer por ele, mas o enfrentemos com a reafirmação do bem. Pois o bem é bastante para vencer o mal. Pois o bem é filho primogênito do amor.