Todo dia é um novo mundo. Acordo antes de raiar o dia e me digo que o sol já vai nascer e que tudo será novo e que eu também vou me renovar com tudo o que se renova e que poderei ver, ler, aprender coisas que não sei e que após aprendê-las poderei de novo rever tudo o que sei, e minha emoção é tal, que me dá vontade de levantar logo, de correr para a minha jardineira para ver o sol nascer e ver também como todas as plantas se transformam com o sol, e depois me dá vontade de voltar logo para o escritório, sem perda de tempo, para descrever o novo.
Esse feitiço, de um novo dia, é uma plenitude muito rara, uma sensação de felicidade difícil de explicar. Mas a lenda já está formada em torno do extraordinário que enfim, enfim! Acontece com a vida se renovando, pois por pura sede de vida melhor estamos sempre à espera do extraordinário que talvez nos salve de uma vida rotineira. Quem sabe se Deus conta a nossa vida em termos de dois dias: um para nascer e outro para morrer. E o intervalo, meu Deus, talvez seja a maior criação do Homem: o momento presente.