“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.” (Romanos 12.1)
Como tem sido o seu culto? Você tem o seu culto, correto? Ele é indispensável! Em nossa organização e estrutura religiosa temos um evento que chamamos de culto. A ideia dele vem do que acontecia na igreja nos primeiros séculos, em que aqueles cristãos se reuniam e partilhavam a vida, oravam e comiam juntos. Fomos sofisticando essa reunião ao ponto de transforma-la num evento com programas litúrgicos dos mais variados tipos. Construímos templos com uma arquitetura orientada pera esse culto, com alguma similaridade com o templo judaico. Uma arquitetura simbólica. Nada disso seria um problema e até mesmo pode representar uma solução para nossa busca por Deus. Mas nos descuidamos do significado desse culto, que é garantido pelo nosso culto pessoal, pela oferta que fazemos de nós mesmos a Deus. Uma oferta que envolve nossa vontade. Uma oferta que faz do lugar de nosso culto, não o templo, mas a vida. E assim torna significativo e aceitável o culto que oferecemos a Deus no templo.
Paulo afirma que é essa oferta o nosso culto racional. O termo “racional” não deve ser compreendido meramente como lógico ou razoável, no sentido de que envolve coerência. Mas deve ser compreendido como espiritual, o atributo de um culto que tenha sentido verdadeiro, significado profundo, que tenha conexão com nosso ser no íntimo. É o “em espírito e verdade” da adoração requerida por Jesus (Jo 4.23), significa o culto verdadeiro e não apenas um rito, uma performance que depois de concluída fica no passado. No culto, desde tempos antigos, sempre havia ofertas. O culto em si era um ato de ofertar a Deus. Paulo diz que essa oferta deveria ser a do próprio ser, da própria vontade. É seu pedido para que nos ofereçamos em sacrifício vivo, agindo, decidindo e reagindo de modo a honrar a Deus. Isso tanto envolve a submissão de nossa vontade a Deus como nossa espontaneidade, nossa vontade própria, realizando o que agrada a Deus. Oferecer-se em sacrifício vivo é render-se, submeter-se.
Os cultos que realizamos em nossos templos devem ser uma continuação do culto que precisa acontecer em nosso íntimo, em nosso ser. Devemos superar a visão que dá ao evento religioso a categoria de ser o culto que Deus requer, em si mesmo. Isso jamais será verdade! Deus não se impressiona com nossas palavras bem colocadas, com nossas orações bem formuladas, com nossas músicas bem cantadas. Deus não se impressiona com a ordem exata dos nossos atos litúrgicos ou com o que costumamos chamar de reverência! Se não cuidarmos do nosso culto pessoal, Deus nem mesmo se fará presente em nosso culto religioso. Se nossa vida não estiver sendo mexida, mudada… se não estivermos incomodados, sentindo necessidade de amar mais e de servir mais… se não houver entre nós unidade, compromisso, sinceridade e verdade… nossos cultos no templo não passarão de performances religiosas. De nada servirão para nós, para o mundo ou para Deus.