Nevasca

Nevasca

Fenômeno atingiu os Estados Unidos de ponta a ponta e deixou mais de 1,7 milhão de pessoas sem luz no final de semana. A nevasca calou os os pássaros e não se ouve mais do que o barulho da neve caindo contra os vidros. O dia escuro em New York e as ruas desertas, com carros cobertos de neve.

O esforço da equipe da prefeitura para desobstruir as vias é muito intenso. O visual é cósmico, uma realidade surreal. O sol tornou-se triste. Tem coisas que a gente só entende, de fato, vivendo. Um frio de -50 graus é um bom exemplo.

O velho Dumas, em uma daquelas suas deliciosas fantasias, escreveu esta frase: “Um dia, os anjos viram uma lágrima nos olhos do Senhor; essa lágrima foi o dilúvio.”

Uma lágrima! Ai, uma lágrima! Quem nos dera essa lágrima única! Mas o mundo cresceu do dilúvio para cá, a tal ponto que uma lágrima apenas chegaria a alagar Sergipe ou a Bélgica. Agora,  quando os anjos vêm alguma coisa nos olhos do Senhor,  já não é aquela gota solitária, que tombou e alagou um mundo nascente e mal povoado.

Caem as lágrimas às quatro e quatro, às vinte e vinte, às cem e cem. É um pranto desfeito, uma lamentação contínua, um gemer que se desfaz em ventos impetuosos, contra os quais nada podem os homens e assim é a nevasca em todos os Estados Unidos.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.

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