“Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem.” (Ef. 4.29)
As vezes acho Paulo meio exagerado, fazendo pedidos que, sinceramente, já de saída parecem-me bem complicados. Veja que ele nos pede para que “nenhuma palavra torpe saída de nossa boca”. A primeira coisa é entendermos o que seria “torpe”. O dicionário diz que trata-se de palavra que contraria ou fere os bons costumes, a decência, a moral; que revela caráter vil; ignóbil, indecoroso, infame. Bem, de fato, é completamente indesejável que usemos palavras que possam ser consideradas torpes. Mas não seria exagero considerar que conseguiríamos evitar “todas”, de modo que “nenhuma” fosse por nós pronunciada? Não é esta a única vez que Paulo fala nesses termos. Em outro texto ele pede que nos alegremos “sempre”, oremos “sem cessar”, e sejamos gratos em “todas” as circunstâncias (1 Ts 5.17-19).
Por que Paulo nos desafia assim? Creio que ele não trabalha a partir apenas das condições humanas, tendo em vista apenas nossas possibilidades pessoais. Se assim fosse, suas expectativas pudessem ser consideradas exageradas, afinal, somos falhos. Mas ele sabia que ser cristão não é viver apenas das próprias forças. Ele conheceu o poder da Graça: “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Co 15.10). Eis algo que precisamos conhecer mais. Pela graça podemos ir além de nossos limites pessoais. Poderemos nos libertar de nossa biografia e parar de agir como sempre agimos. Pela graça poderemos ser verdadeiros milagres do Evangelho.
Sozinhos, contando apenas com nossas próprias forças, não poderemos evitar completamente as palavras torpes. Continuaremos ferindo, sendo maldosos e arrogantes. Como disse Tiago, pecaremos por glorificar a Deus e maldizer os homens, tudo com a mesma língua, a mesma boca!(Tg 3.9) Precisamos ser zelosos, sustentados pela graça, falar apenas o que for útil para edificar, de modo que nossas palavras transmitam graça aos que ouvem! Que nenhum palavra torpe saia de nosso lábios, pelo poder da graça de Cristo! Tenhamos mais cuidado. Escutemos melhor o que andamos falando e pensemos melhor antes de falar. Que nossas palavras façam bem, promovam o paz, inspirem ao amor e ao cuidado. Entre o silêncio e a palavra torpe, a melhor escolha é o silêncio. Mas que falemos e que as palavras da nossa boca e a meditação de nosso coração sejam agradáveis a Deus, que tudo vê, que tudo ouve e tudo sabe! (Sl 19.14).