Sigo, às vezes, em mim, imparcialmente, estas manifestações ilógicas, pontes sem donde nem para onde, estradas sem princípio nem fim, paisagens invertidas – o absurdo, o ilógico, o contraditório, tudo quanto nos desliga e afasta do real longe dos pensamentos práticos e sentimentos humanos e desejos de ação úteis.
No fundo, acredito, o que somos de mais doloroso é o que não somos realmente, e as nossas maiores tragédias passam – se na nossa ideia de nós. Se alguma coisa há que esta vida tem para nós é o dom de nos desconhecermos: de nos desconhecermos a nós mesmos e de nos desconhecemos uns aos outros.
Vivemos numa cultura da aceitação instantânea, da rolagem rápida, de clicar por impulso, de argumentos de 140 caracteres, e de vídeos virais de trinta segundos. É fácil captar a atenção e deturpar a verdade para as massas que não refletem sobre o mundo e a vida, sendo que nos habituamos a sentir o falso como o verdadeiro, que se perde a distinção humana, creio, entre a verdade e a mentira, entre a ciência e sua negação.