Parece um contra-senso: o planeta azul, onde moramos, chama-se Terra, mas é quase todo coberto de água. Mais precisamente, dois terços da superfície ou 71%, então, saber nadar é uma necessidade.
Morei em Irecê por quase quatro anos, sem muita opção, no fim de semana ia a AABB para nadar, nas manhãs de Sábado, com braçadas pausadas e fortes; nadava a favor dos ventos, e eu tinha minha carne, meus ossos, meu coração, todo o meu corpo a transportar na água, com uma calma energia, avançava a cada braçada, a natação trás uma nobre calma, uma solidão, através do esforço, como se estivesse cumprindo uma bela missão, como se o infinito do universo mostrasse também sua própria eternidade, eu nadava cerca de 400 metros na piscina olímpica com 50 metros de comprimento, mas nós últimos 100 metros não conseguia manter as mesmas batidas das braçadas.
A solidão não era absoluta nadando nem o sossego ininterrupto, mas eram sempre maiores e mais certos que em terra. Tomado por uma constante sensação de plenitude, encontrava prazer neste meio líquido, que aproveitava naqueles bons momentos. Via o mundo por outro prisma.