Nascida na zona rural, professora ajuda a transformar a vida de estudantes através da arte e da educação

Nascida na zona rural, professora ajuda a transformar a vida de estudantes através da arte e da educação
Nascida na zona rural, professora ajuda a transformar a vida de estudantes através da arte e da educação. Fotos: Secom

A escola rural do pequeno distrito de Sete Portas, no município de Feira de Santana, onde nasceu, foi a porta de entrada para o mundo que Maria do Socorro Aquino sempre sonhou: o da Educação. Com uma mão no roçado de feijão e mandioca, ajudando o pai José Aquino Irmão, e a cabeça nos livros, Maria do Socorro realizou o sonho de ser professora e, atualmente, é gestora do Colégio Estadual Alaor Coutinho, localizado em Açuzinho, em Mata de São João.
Nascida na zona rural, professora ajuda a transformar a vida de estudantes através da arte e da educação
A professora Socorro acredita na Educação que liberta e transforma e o efeito disso reflete na vida dos próprios estudantes, como relata Raul Sampaio, 23, ex-aluno do Alaor Coutinho. “Eu conheci de verdade Maria do Socorro quando fui suspenso da escola por indisciplina e, mesmo tendo aprontando, ela viu algo em mim e começou a me incentivar para as atividades artísticas da escola, como as oficinas de música e vídeo. Graças ao incentivo e à persistência dela, a nossa escola foi premiada, inclusive fora do Estado, com nossos trabalhos de áudio e vídeo. Sou muito grato, pois ela foi importantíssima para que eu me formasse como um cidadão de bem e que acredita no poder da educação”, declara Raul.

Nascida na zona rural, professora ajuda a transformar a vida de estudantes através da arte e da educação

Apaixonada pela leitura, Maria do Socorro recebeu da mãe, Isabel Maria da Silva, o incentivo aos estudos e do pai agricultor, que também era marceneiro, o apoio para “viajar” no mundo do conhecimento. “Ele costumava me dizer que, sendo eu mulher e negra, meu caminho só seria bem-sucedido através da educação e que haveria muitas barreiras no caminho, mas a chave estava nos estudos”. Com o aval dos pais, foi morar no município de Entre Rios, onde estudou da 5ª série ao 3º ano, no Colégio Estadual Duque de Caxias. “Foi lá que meus professores, em especial Marilene Gozzer, perceberam o meu amor pelos livros e pela leitura e me incentivaram a buscar uma vaga na universidade”, conta Maria do Socorro, tendo sido ela a primeira da sua família a ingressar no Ensino Superior, tendo cursado Letras Vernáculas, pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB) de Alagoinhas e, posteriormente, fez o mestrado em Estudo de Linguagens: leitura, literatura e identidades, na UNEB de Salvador.

Antes, ainda no magistério, Maria do Socorro conta que conheceu Paulo Freire e seus ideais, que a marcaram profundamente. “Entendi que o acesso à educação é uma luta coletiva e me coloquei a serviço do ofício. Acredito que a educação é o caminho para a transformação da sociedade em um lugar de mais justiça e igualdade social. Acredito no potencial de todos e todas e esta atitude faz diferença na aprendizagem”, ressalta ela, no alto dos seus 27 anos de profissão, aos 46 anos de idade.

O estudante Zidane Borges Vieira, 17, 3º ano, fala emocionado sobre a professora. “É um grande privilégio poder falar dessa gigantesca professora. O Alaor Coutinho ganhou um extraordinário presente no momento em que ela chegou na unidade. Além de transformar as partes física e burocrática do colégio, ela transformou vidas de estudantes, que hoje só têm a agradecê-la. Ela é sempre cheia de ideias, positiva, empática e com um imenso alto astral, mostrando para nós, estudantes da rede pública, que tudo é possível, basta nos esforçarmos”.

Lugar de referência – O elo entre a gestora e os professores da unidade escolar foram fortalecidos neste período da pandemia com ações realizadas junto à comunidade escolar, assim como a escola se reafirmou como um lugar de referência do cuidado uns com os outros e de transformação da realidade, como ressaltou Maria do Socorro. “Toda a teoria e valores que falamos no dia a dia das aulas foram colocados à prova e vieram à tona com solidariedade, empatia, busca de soluções coletivas, protagonismo estudantil, diálogo com as famílias e gestão democrática”, relata, destacando o projeto “Se puder, doe. Se precisar, pegue!”, que tem à frente os líderes de classe. Eles se responsabilizam pelo cadastramento das pessoas com maior vulnerabilidade social da comunidade e fazem chegar até elas cestas básicas de alimentos e produtos de limpeza.

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