Nas Asas do Sonho, um Pesadelo

“O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”, William George Ward (1812-1882)

Todos os dias são reveladas uma ou várias das mil faces da existência, algumas inesperadas e impensáveis, mesmo que imaginadas em hipóteses mirabolantes, para não se dizer absurdamente improváveis. Em linguagem futebolística, lembrando o grande jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, somente a atuação do fantástico “Sobrenatural de Almeida” explicaria o inexplicável, a imponderabilidade do nada e suas consequências.

Nestes dias subsequentes ao Mundial de futebol, já que o técnico da seleção brasileira não conseguiu traduzir o porquê da derrota “canarinha”, que fique à custa do fantasmagórico personagem rodriguiano, para quem assim entender, as explicações aceitáveis de algo ocorrido, à semelhança de um tsunami em mar de almirante, no solo brasileiro.

Uma nação cultivava um sonho, mais que isso, acalentava uma vitória, esquecendo-se que “No meio do caminho tinha uma pedra/Tinha uma pedra no meio do caminho/Tinha uma pedra/No meio do caminho tinha uma pedra”, como na poesia de Drummond. A realidade é que havia mais que isso, havia “pedreiras”, como bem o demonstrou a competição e o sonho não se concretizou na expectativa ansiosamente desejada.

Há sonhos sabidamente indesejáveis, a esses se dá o nome de pesadelos, a revelarem quadros oníricos aterradores, capazes de fustigar o pensamento com o que existe de mais mórbido e controverso. Ou não foi isso o ocorrido com a seleção brasileira, das “viagens” nas asas dos sonhos ao despertar em decorrência de um bizarro pesadelo que atingiu, igualmente, milhões de brasileiros?

Pela segunda vez, a poesia trará um pouco mais de contribuição a ensejar reflexões através de Francisco Otaviano (poeta do século XIX), no seu poema “Ilusões da Vida”:

“Quem passou pela vida em branca nuvem/E em plácido repouso adormeceu,/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/Quem passou pela vida e não sofreu/ Foi espectro de homem, não foi homem,/ Só passou pela vida, não viveu”.

É, por conseguinte, necessário aprender com o sofrimento, mesmo que doa tanto!

A prática esportiva se insere na Educação do indivíduo como parte significativa que vai além do corpo físico, do seu desenvolvimento somático, e perpassa pelo ser espiritual. É isto, após o pesadelo, que deve ser entendido como resultante de um quadro desfavorável: estabelecer a cultura da perseverança em continuar nas asas dos sonhos, por novos embates e vitórias, ajustando as velas em momentos difíceis, superando tempestades e alcançando objetivos.

Desistir, jamais!

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui