O comitê científico de Natal, criado para a pandemia de coronavírus, está em fase final de discussões para elaboração de um novo protocolo com a utilização da ivermectina como tratamento preventivo para a covid-19.
A medicação tem sido utilizada no protocolo médico da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) desde junho e chegou a ser dispensada para grupos de risco em toda a cidade, além de também ser repassada para os que procuram os serviços básicos de saúde alegando os sintomas da doença.
A atualização do protocolo faz parte do entendimento do médico e infectologista Fernando Suassuna, um dos membros do comitê e um dos maiores entusiastas da ivermectina em Natal.
“Quando você tem uma quimioprofilaxia, a população tem que saber quantas doses vai tomar”, diz. A ideia de se chegar a esse novo documento é que a pandemia, segundo ele, está num momento “diferente” de meses atrás e requer mais cuidado para evitar novos contágios e casos graves.
Na avaliação dele, o uso da ivermectina pela SMS Natal e pela população auxiliou na redução de casos e internações em Natal.
“O que mais está nos preocupando são os grupos de risco, as pessoas que tem síndrome metabólica, diabéticas. Elas estão desprotegidas. Todo mundo está na rua, saindo, mas as pessoas com podem ter as formas graves devem estar protegidas. Vamos fazer um protocolo profilático para essas pessoas saírem de casa com segurança, fazerem as mesmas coisas que as outras estão fazendo. O que não dá mais é ficar dentro de casa. É isso que propomos”, disse.”
Segundo Fernando Suassuna, a preocupação em atualizar o protocolo de intenções da covid-19 se deu pelo fato de aumento dos testes positivos em Natal, embora, segundo ele, a taxa de transmissibilidade na capital na última semana tenha ficado em 0,46. Esse índice representa como cada pessoa contaminada pelo coronavírus transmite a doença para outras pessoas.
“Vamos fazer um tratamento da síndrome metabólica nas unidades básicas de saúde. O diabético tomar sua metformina, o cardiopata tomar sua Estatina, regularizar suas taxas e tomar a dose profilática da ivermectina para se proteger contra uma doença grave. Esse é o foco”, explica o médico. Portanto, serão dois documentos diferentes, um específico para a ivermectina e outra para essas enfermidades.
Embora a atualização do documento seja restrita aos limites de Natal, uma vez que Fernando Suassuna faz parte do comitê científico da capital potiguar, o protocolo também será endereçado à Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap).
“Queremos fazer Natal, o embasamento teórico todo, porque estamos fazendo, e vamos nos reunir nesta semana para fazer um programa de quimioprofilaxia no sentido de proteger as pessoas mais fragilizadas dentro dessa pandemia”, acrescenta.
A Sesap, por sua vez, não tem recomendado, em seu protocolo, a ivermectina nem outras medicações que surgiram durante a pandemia de covid-19.
“A prescrição de medicações com potencial antiviral (cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, por exemplo) para SARS-COV-2 ainda possui baixo respaldo científico. Estudos que avaliem o potencial benefício dessas drogas ainda estão em andamento. Deve-se evitar o uso de corticosteróides nessa fase de replicação viral”, detalha o documento, assinado no final de maio.
“A ivermectina não está no protocolo da Sesap/RN e cai no mesmo critério da cloroquina e hidroxicloroquina. São medicamentos com potenciais ações em laboratório, mas quando a gente vai colocar nas pessoas não temos certeza porque não tem nenhum estudo que mostre segurança e eficácia”, comentou Igor Thiago Borges de Queiroz e Silva, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em junho, um dos médicos responsáveis pelo protocolo e presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia.
PROTOCOLO
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal começou a utilizar a ivermectina em junho deste ano, como tratamento profilático para coronavírus.
Inicialmente, o fármaco foi repassado apenas para profissionais de saúde nos hospitais da cidade, e posteriormente, foi dispensado para trabalhadores do Samu, das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e logo chegou às Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
A proposta do protocolo da SMS era aplicar o remédio em profissionais com elevado risco de exposição, como policiais, bombeiros, entre outros, e para indivíduos com fatores de risco para desenvolverem a forma grave da covid. Uma semana após o início do uso da medicação, a SMS Natal também anunciou que iria distribuir o fármaco para pessoas com comorbidades na capital potiguar, com um trabalho de busca ativa começando nos bairros.
Fonte: Tribuna do Norte