Mudanças necessárias

“‘Por quê? Que crime ele cometeu?’, perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: ‘Crucifica-o!’ Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.” (Marcos 15.14-15)

Estamos dando um passo mais para dentro da cena do sacrifício de Jesus por nós. Jesus, a multidão e Pilatos ainda estão em cena e é hora de decidir. Ao ouvir os gritos da multidão pedindo a crucificação de Jesus, Pilatos argumenta que não vê razão para tal. Ele parece perceber que não está diante de um criminoso a quem deveria condenar. Mas a multidão não quer saber, o objetivo não é fazer justiça, é satisfazer o desejo, a ira. Que importa a verdade?! Por outro lado, Pilatos não demonstra qualquer zelo pela própria consciência. Ele quer sair-se bem na situação, a despeito do que é certo. Sua melhor saída é soltar o criminoso e condenar o inocente. E é o que ele faz.

A humanidade repete essas atitudes diariamente. O que pecadores fazem é abandonar o bom senso. O pecado é incapacitante para a retidão. Nossos desejos têm voz e voto, e determinam nossas escolhas; não há espaço para a razão. O galo cantou para Pedro, mas para a multidão, ou não cantou ou não foi ouvido. Pilatos é o par perfeito para a multidão insana. Atua fazendo jogo de cena. O que quer mesmo é ficar bem com a multidão. Vendeu-se. Corrompeu-se. Em nosso mundo interior é que tudo isso acontece. Não damos ouvidos à razão e nem à voz do Espírito quando queremos apenas fazer nossa vontade e seguir nossas inclinações.

Visto que Cristo veio nos libertar do pecado, isso implica em mudanças em nosso comportamento. Alcançados pelo perdão e pelo amor de Deus, somos chamados ao enfrentamento: da multidão, da acomodação, da injustiça e de tantas outas coisas. O perdão de Deus renova nossa ética e Seu amor fortalece nossa identidade. E então percebemos que tudo isso está mais perto e mais dentro de nós que gostaríamos de admitir. Mas em Cristo podemos ser melhorados e então aprendermos a viver pelo que conta e não, fazendo contas. Pois honrar a Deus muitas vezes será andar na contra mão, ficar com a minoria e comprometer-se com causas perdidas. “Se alguém quiser salvar a sua vida, vai perdê-la. Mas, quem se dispuser a perder a vida por amor de mim e do Evangelho, vai salvá-la” disse Jesus (Mc 8.35).

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