Mucugê

Mucugê

O silêncio traz aconchego e sensação de plenitude nesta cidade de doze mil habitantes, a 983 metros acima do nível do mar. Nesta altitude, a luz do sol do fim de tarde é perfeita, refletindo na montanha à nossa frente, uma luz um tanto amanteigada, densa e gorda.

O ar úmido e frio é um convite a uma taça de vinho. Nossos sentidos são docemente acariciados pelo clima, pela culinária e pela paz deste local.

É como estar no espaço dos sentidos, desfrutando a vida em sua plenitude. A couraça da grande metrópole, como Salvador, desaparece. Aqui, você consegue ver a lua, tão bela e cheia, que parece feita de algum líquido congelado. A arquitetura é do século XIX, quando houve a ocupação para a mineração, com casas cujas fachadas simples encantam os olhos, com suas cores vibrantes e resplandecentes.

Sento-me num banco para acompanhar o ritmo do momento, vendo um beija-flor bater as asas e encontrando paz na quietude, uma oportunidade para cultivar o silêncio interior e apenas observar a natureza ao meu redor. Em momentos de calmaria, a maioria de nós tira o celular do bolso para passar o tempo, e a arte da observação se perde. Aqui, a barulheira do mundo não existe.

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