A sua construção iniciou-se em 1502, prolongou-se por uma centena de anos, tendo sido dirigida por um conjunto notável de arquitetos e mestre de obras.
O edifício foi construído em calcário, extraído de pedreiras não muito distantes do local de implantação. Estive lá duas vezes e fiquei muito impressionado com os corredores intermináveis de mármore com uma luz indireta que nos trasportava para o século XV. O calcário das paredes deixa a temperatura interna amena, considerei um movimento mágico de minha viagem onde fui arrastado para um universo do passado enquanto lá fora, as pessoas circulam no mundo real.
O mosteiro me remete a contemplação ascética, as penitências, as fomes, os suplícios dos monges, pessoas que nunca sonharam com fazendas, nunca administraram terras, nem assinaram contratos; foram uns pios solitários, que recebiam por milagre o pão negro de cada dia, e passavam muitos dias sem levar à boca nem uma migalha de pão, nem um gole d’água.
As virtudes monásticas de hoje estão longe daqueles modelos primitivos; mas, se não se lhes pede sacrifício igual, também não se lhes pode conceder uma existência anacrônica, sem objetivo nem utilidade prática.
Todas as instituições humanas trazerem em si o gérmen de sua destruição, e os conventos estão acabando. Vivemos num mundo rápido, e o agora tem rapidez em ser vivido e sentido.