Morte

Morte

Hoje faleceu um vizinho querido; estava com mais de 90 anos. Sua esposa morreu pouco antes, então pensei no fim, com a noção de que haverá um dia em que não estarei mais entre os vivos, aqui neste vale de estranhos humores. Consigo aceitar a ideia do meu próprio fim, mas sou incapaz de aceitar a morte de qualquer outra pessoa. Acho impossível permitir que um amigo ou parente parta para aquela terra de onde não se volta. A descrença se torna minha companheira próxima e, depois dela, surge a raiva. Sou assediado por um assombro doloroso diante do vazio deixado pelos mortos. Para onde ele foi? Onde está agora? Será que eles estão, como disse o poeta James Weldon Johnson, “descansando no seio de Jesus”? E quanto aos meus amores judeus, meus afetos japoneses, meus queridos muçulmanos? Consigo sair do labirinto de perguntas apenas quando aceito que não sou obrigado a saber tudo. Em um mundo onde muitos procuram desesperadamente conhecer todas as respostas, tento me lembrar que é suficiente saber o que sei, ou que o que sei sempre será minha verdade.

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