Até hoje sempre utilizei o passado, entre outras coisas, como uma espécie de intrincada explicação de meu mundo para mim mesmo. Talvez nem fosse em mim, mesmo que eu queria me transformar, mas no rapaz que fui quando entrei na universidade, ou no adulto que viveu em Irecê como funcionário do Banco do Brasil.
No pêndulo que todos nós vivemos, que oscila entre o agressivo exibicionismo e o retraimento, ocupo uma posição intermediária, tentando resistir, na arena pública, a reclusão como algo sagrado demais. Depois dos sessenta e cinco anos precisamos encontrar meios de nos tornarmos visíveis a nós mesmos, não podemos passar os dias em estado crepuscular, perdendo o interesse pelo que nos rodeia, e mergulhar numa solidão que substitui por completo o mundo dos vivos, com a alma ausente de tudo que faz.
A vida não tem “happy end”. O filósofo grego Epicuro criou a doutrina da valorização dos pequenos prazeres para conseguir uma existência mais feliz.” A liberdade é o maior fruto da autossuficiência”, escreveu.
Diante do significado do uso dos critérios em nossas vidas, é extremamente importante assimilarmos os mecanismos que nos motivam a usar tal ou qual critério. Sobretudo agora que vivemos em um mundo com uma sociedade transitória, em ressignificação, inclusive como nos entendemos como seres humanos. A vida é incontrolável e situações, que são consideradas como algum tipo de mal surgirão.
Na velhice é natural a solidão que tem duas vantagens: a primeira, é estar consigo mesmo. A segunda, é não estar com os outros.