Comissão vai elaborar nova Constituição egípcia, informou Conselho MIlitar. Governo provisório ficará no poder 6 meses ou até novas eleições no país
O Conselho Militar Supremo do Egito afirmou neste domingo (13) que vai suspender a Constituição, dissolver o Parlamento e formar uma comissão para escrever uma nova Carta para o país.
O conselho também informou que ficará no poder por seis meses ou até que novas eleições, previstas para setembro, aconteçam, afirma comunicado divulgado pela televisão estatal.
O anúncio foi saudado com satisfação por integrantes da oposição no país, que pressionavam por medidas concretas para a transição. “É uma vitória da revolução”, disse Ayman Nour, um dos líderes oposicionistas que desafiou o ex-presidente Hosni Mubarak nas eleiçoes presidenciais em 2005, mas foi foi acusado de falsificação e condenado a três anos de prisão.
Mais cedo, o primeiro-ministro egípcio, Ahmed Shafiq, havia afirmado que a “maior preocupação” do governo provisório é restaurar a segurança e que a prioridade é “retornar à normalidade” do país.
Shafiq fez as declarações em uma coletiva de imprensa após finalizar a primeira reunião do Conselho de Ministros do governo provisório, que assumiu o comando do país após a renúncia de Mubarak, na última sexta, após 30 anos no poder.
Segundo o primeiro-ministro, a situação da economia do país, após 18 dias de paralisação pelos protestos antigoverno, é “estável”. “A situação da nossa economia é sólida e coesa”, disse. “Temos reservas suficientes para o período que virá [de transição política] e uma situação confortável.”
De acordo com o premiê, se a instabilidade continuar, o país deve enfrentar alguns obstáculos e atrasos, sem dar maiores detalhes.
No sábado, o Conselho Supremo das Forças Armadas determinou que o governo de Shafiq, nomeado por Mubarak, administre os assuntos correntes. O gabinete de Shafiq, um general ex-ministro da Aeronáutica, foi formado em 31 de janeiro, seis dias depois do início da revolta popular que levou à renúncia de Mubarak.
Vida normal
Na manhã deste domingo, militares começaram a remover as últimas barracas de protestantes que acamparam na praça Tahrir, foco dos protestos no Cairo, num esforço para liberar o trânsito e retornar à vida normal.
Os militares pedem aos manifestantes que retornem ás suas casas. Alguns se recusam a deixar o local. “Ainda há muita reinvindicação a ser atendida. Eles não implementaram nada ainda”, disse o egípcio Ashraf Ahmed, que disse que permaneceria na praça após os militares removerem sua barraca.
O tráfego também começa a voltar ao normal pela primeira vez em mais de duas semanas na região central do Cairo, com a ajuda dos militares.
Gabinete
O novo gabinete egípcio, nomeado ainda por Mubarak antes de deixar o poder, não deverá sofrer uma grande mudança e vai supervisionar a transição política nos próximos meses, disse um porta-voz neste domingo.
Autoridades egípcias disseram no sábado que investigam acusações contra ex-ministros do país. As informações são da TV estatal.
Segundo a emissora, viagens foram proibidas para o ex-premiê Ahmed Nazif e o ex-ministro do interior Habib al-Adli. Os dois foram demitidos por Hosni Mubarak antes de sua renúncia à presidência, na sexta-feira.
A proibição também foi imposta a Anas el-Fekky, titular do ministério das informações. Ele foi reconduzido ao cargo em um gabinete montado às pressas para satisfazer aos manifestantes.
Obama
O presidente Barack Obama elogiou no sábado o compromisso do exército egípcio de transferir o poder a civis, informou a Casa Branca.
“O presidente pediu hoje a vários dirigentes estrangeiros para continuar com as consultas com seus colegas sobre a questão dos últimos acontecimentos no Egito”, disse o comunicado.
Mais cedo, o Conselho Supremo das Forças Armadas, que assumiu o comando do país após a renúncia de Mubarak, havia afirmado que respeitará todos os tratados internacionais firmados pelo país, e se disse comprometido em entregar o governo aos civis -embora sem dar um prazo específico para isto.
Renúncia
O presidente Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, após um governo de quase 30 anos que era contestado desde 25 de janeiro por grandes manifestações populares.
O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Conselho Supremo das Forças Armadas, que está à frente do processo de transição.
Os crescentes protestos que derrubaram Mubarak deixaram mais de 300 mortos e 5.000 feridos, inspirados pela queda do presidente da Tunísia, e tiveram impulso na internet, que comemorou a queda do ditador.
Fonte: G1, com agênciias internacionais