Meu sogro

Meu sogro

E passou um ano, passaram dois, quatro, seis, e agora doze anos, cada um deles com seus dias de Natal, com suas festas celebradas sem ele. Na verdade, tudo acontece sem ele. Ele não vê a pescaria que gostava tanto no Mato Grosso, não vê mais seu Vitória jogar, não vê mais os netos crescendo. As vezes que vou a Itapuã, faço questão de entrar na rua da casa que morou, está asfaltada e lembro de sua vida. Nos treze que viveu viúvo via a tristeza em seus olhos, juro que nunca vi olhos que refletissem tanto a alma como os dele, pois eram para claros. Mas para mim, o que realçava esta sensação era conhecer sua bela história de vida.

Aprendi com ele a ter paciência, isto também é amor, que o amor é bondoso. O amor também pode ter treze anos de solidão. As pessoas mais próximas podiam viver suas vidas dizendo adeus por uma perda que não parecia tão dolorido. Ele só podia depender dele mesmo nesta dor que não passava. Você tem muita certeza sobre o mundo, quando caminha ao lado de alguém por cinquenta anos mas com a morte está certeza desaparece, ele conheceu a melhor maneira de se curar, estando sempre presente na vida dos filhos e netos este era o seu jeito de viver até o fim.

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