Trabalho com perícias trabalhistas, atuando há quase vinte e oito anos, e existiu um fato numa visita técnica que, para entrar no bairro, tinha que ligar os farois, como código para traficantes, então resolvi só ter um Gol branco, isto porque o brasileiro adora riscar a pintura, faço parte dele e ele de mim.
Pedimos pequeninas coisas um ao outro e nos servimos, mutuamente, do que estamos precisando no curso dos trabalhos perícias. Não sei de sentimento de solidariedade maior entre homem e máquina, máquina e homem, ambos gozando o mesmo bem-estar, ambos expostos a igual perigo nas ruas.
Se estou dirigindo e meus pensamentos não se desenvolvem com tranquilidade até a beleza, é porque não estou tão íntimo de mim mesmo quanto gostaria de estar. Então, pressiono menos o acelerador. Começo a olhar mais as árvores e a relva das margens.
Fazem-me bem os trechos de sombra, na estrada. Ou porque as árvores cobrem de sombra o caminho, ou foi um morro que escondeu o sol por alguns instantes. As sombras das estradas amansam a alma e arrumam a sala de visitas da nossa casa interior. O homem tem uma casa interior, que é sua só, então inspiro o ar fresco enquanto atravesso a cidade para mais uma perícia, eu e o meu Gol.
João Misael Tavares Lantyer
Meu amigo não deste outro lado.
Bacana, parabéns.
Escrever e externar nossos pensamentos nos faz muito bem.
Um abraço
Wellington Junqueira