“Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou.” (João 13.13)
Às vezes tenho a sensação de que nos apoderamos dessa afirmação de Jesus e, embora não falemos, tacitamente declaramos que é o que somos. Agimos como mestres e senhores. Isso acontece porque a retidão ou justiça que abraçamos, nosso esforço por agir da forma correta, em lugar de nos fazerem servos e humildes, nos fazem presunçosos e orgulhosos e assim, tornam-se a ferrugem que, de dentro para fora, comprometem as estruturas de nosso cristianismo. O que aparentemente é bom se torna mal. Acreditamos exageradamente em nós mesmos e assim praticamos um reducionismo espiritual, redefinindo a fé cristã a partir do que melhor nos define como cristãos. Desprezamos e julgamos muito facilmente. Criamos nossa própria versão de cristianismo. A questão não é se fazemos isso, pois em algum grau fazemos. A questão é se percebemos e lutamos contra isso.
Só Jesus é Mestre e Senhor, ninguém mais. E isso deve estar claro para mim e para você. Ele é um tipo de Mestre e Senhor com o qual não estamos acostumados. Os discípulos também não estavam e ficavam confusos. Se não ficamos, talvez seja porque não estamos considerando adequadamente a questão. Ele buscava pecadores e não santos! Ele sabia que não havia santos entre nós! Ao que parece, nós pensamos que há e talvez até nos consideremos um deles, e nos orgulhemos de negar isso. Ele tratava mulheres e crianças com respeito e não com desprezo. Ele lavava os pés do seus discípulos em lugar de exigir que lavassem os dele. Jesus é o pastor que dá a vida pelas ovelhas, e não o pastor que se alimenta das ovelhas. Convenhamos: Jesus não age como esperamos de um mestre e senhor! Teríamos muito a lhe ensinar sobre como tratar pecadores, mulheres e crianças!
Quando ele afirmou aos discípulos o que lemos no verso de hoje, devemos ter claro que a intenção de Jesus era ajudá-los (e a nós) na compreensão do tipo de Mestre e de Senhor que era. Seu ponto não era chamar a atenção para a grandeza, a altivez ou o poder. Ele estava salientando a humildade e o serviço. No Reino de Deus o Rei é servo. Vivemos num mundo que funciona às avessas. Devemos tomar cuidado, do contrário agiremos e formemos igrejas que se orientam pelo mundo e não pelo Evangelho. E se não desconfiarmos de nós mesmos, ficaremos cegos para o nosso desvio! O segredo de uma igreja não está em suas regras de moralidade ou rigidez no trato com pecadores. O segredo está no amor, na humildade e no serviço. O pecado já foi pago e perdoado pelo Mestre e Senhor que lava pés de pecadores! Um dia estará totalmente superado. É uma questão de tempo!