“Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” (Romanos 11.36)
Não consigo me lembrar quantas vezes Romanos 12 esteve em minhas reflexões. Foram muitas e este capítulo continua me atraindo. Por isso lhe convido para meditarmos em cada verso pelos próximos 21 dias e espero que ele lhe interesse tanto quanto me interessa. Tentarei resistir ao desejo de permanecer mais de um dia no mesmo verso, mas talvez não consiga. Peço sua paciência. E para começar é importante ter em mente o que diz o verso que encerra o capítulo 11. Mais que isso: é importante ter em mente o que o apóstolo diz até ali.
A Carta Aos Romanos é, até o capítulo 11, um tratado sobre a obra de Deus em nosso favor. Nos três primeiros capítulos, o escritor nos leva à consciência de que somos todos pecadores e merecedores da ira de Deus. Tanto os que claramente praticam coisas que ofendem a Deus quanto os que não as praticam. Pois é apenas uma ilusão alguém pensar que está na condição de não praticante do que merece a reprovação divina. Todos pecaram. Todos somos pecadores. Se a leitura de Romanos 1 dá alguma coragem para apontarmos o dedo acusador, a leitura dos capítulos 2 e 3, se feita com cuidado, nos faz recolher a mão e baixar a cabeça.
A transição para o capítulo 4 demonstra que todos nós somos justificados pela fé – pela graça amorosa de Deus. Nenhum mérito. E o texto do capítulo 4 segue demonstrando que desde o princípio foi assim. Abraão é apontado como um símbolo dessa justificação. Ser justificado significa receber o perdão em função da justiça de outro, no caso, de Cristo. Nenhum perdoado deve se orgulhar, senão de Cristo! Todo ser humano é acolhido por Deus, sem que mereça, pela graça. Tudo porque Deus nos amou e Cristo se entregou por nós. O resultado do pecado é a morte, mas há uma dádiva de vida por meio de Cristo ofertada a todo ser humano.
Beneficiados por essa dádiva, ainda assim persiste em nós a fraqueza – somos pecadores. É o que lemos no capítulo 7. Queremos fazer o bem, mas não fazemos. Sabemos que devemos evitar o mal, mas o praticamos. Paulo se dá como exemplo dessa luta e declara: minha esperança é o que Cristo fez por mim! E celebra o fato de que Deus, que nos justifica, cuida de nós e age em todas as coisas para o nosso bem. Já estamos no capítulo 8. Por meio de Cristo, somos unidos a Deus num amor tão poderoso que nada pode nos separar dele e nele somos vencedores. Paulo lamenta que seus compatriotas, os israelitas, estivessem cegos para essa dádiva da graça, vivendo sob o peso da lei – capítulos 9 e 10. E confia na soberania de Deus a quem tudo pertence e que merece receber todo louvor e glória – capítulo 11.
“Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre!” Declara o apóstolo. E quem deve glorifica-lo? Aqueles que foram justificados pela fé em Cristo. E o capítulo 12 vai nos dizer como. Nele Paulo propõe uma liturgia para a vida, pois somente uma liturgia vívida é adoração verdadeira. Uma liturgia que nos desafia a mudar o modo de pensar e de lidar com a vida e com o próximo. É um capítulo inspirado nas misericórdias de Deus. Por causa delas devemos nos oferecer a Deus para glorifica-lo com a própria vida.
Ser cristão é compreender isso e comprometer-se com isso. Nos próximos dias, veremos passo a passo como é essa liturgia para que nossa vida cristã não seja apenas uma vida religiosa.