Mas, que tenho eu com isso?

“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo.” (Hebreus 13.3)

Identificação. Calçar os sapatos do outro. Precisamos praticar esse exercício de amor uns para com os outros e mesmo para com os desconhecidos e que vivem realidades diferentes da nossa. O escritor de Hebreus está nos pedindo para que nos lembremos dos que estão na prisão e dos que são maltratados, como se estivéssemos passando pelo que eles estão passando, colocando-nos no lugar deles para podermos então agir com misericórdia e bondade. Como isso é importante! A encarnação de Cristo aponta para essa atitude. Ele, literalmente, calçou os nossos sapatos, importou-se conosco e veio a nós.

Algumas vezes somos rápidos em concluir que cada um está na situação que está porque merece e, se merece, nada precisamos fazer a respeito. Um tipo de pensamento simplista, que desconsidera alguns fatos: Neste mundo há injustiças, há dores não merecidas; todo ser humano deve ao seu semelhante a atitude de servir e o apoio que restaure sua dignidade; e ainda que tenha sido merecida, ainda assim há espaço para a misericórdia. E quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra (Jo 8.7). Esquecidos disso, facilmente nos tornamos juízes uns dos outros em lugar de companheiros de jornada. Mas é aí que a fé cristã se torna incômoda e desafiadora. Ela diz que o nosso próximo é nossa responsabilidade. “Por acaso sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). A resposta ainda é “sim, você é”. “Que tenho eu a ver com a dor e a tragédia do outro?”. Se Deus está interessado, nós também devemos estar!

Não devemos nos deixar endurecer. Não devemos nos acostumar com a injustiça, com a dor, com o esquecimento e o abandono de vidas humanas. Na fé cristã somos chamados a ser o samaritano que cuida e paga a conta. Somos chamados e lembrar dos que estão passando pelo que jamais passamos e talvez jamais passaremos. Somos chamados a servir e ser a chance que o outro precisa. Nem sempre nossa atitude mudará o outro, mas certamente mudará a nós mesmos. No caminho poderemos ser vítimas de aproveitadores e manipuladores, de exploradores da boa vontade. Há muitos por aí! Mas devemos nos lembrar de que, na prática do amor, jamais perderemos. Não devemos desanimar. Esse é o caminho da fé cristã. É neste caminho que seguiremos, de fato, lado a lado com nosso Mestre. Ele amou assim: Servindo.

 

ucs

 

 

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