Mas, que eu tenho com isso?

“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo.” (Hebreus 13.3)

Identificação. Calçar os sapatos do outro. Precisamos praticar esse exercício de amor uns para com os outros e também para com os desconhecidos e que vivem realidades diferentes da nossa. O escritor de Hebreus está nos pedindo para que nos lembremos dos que estão na prisão e dos que são maltratados, como se estivéssemos passando pelo que eles estão passando, colocando-nos no lugar deles para podermos então agir com misericórdia e bondade. Como isso é importante! A encarnação de Cristo aponta para essa atitude. Ele, literalmente, calçou os nossos sapatos, lembrou-se de nós e veio a nós.

Algumas vezes somos rápidos em concluir que cada um está na situação que está porque não agiu como deveria. Um tipo de pensamento simplista, que desconsidera duas questões fundamentais: que este mundo é cheio de injustiça e que todo ser humano deve ao seu semelhante a atitude de servir para restaurar sua dignidade. Esquecidos disso, facilmente nos tornamos simplistas neste mundo individualista, em que não temos tempo, senão para nós mesmos. Mas é aí que a fé cristã se torna incômoda e desafiadora. Ela diz que o nosso próximo é nossa responsabilidade. “Por acaso sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). A resposta ainda é “sim”. “Que tenho eu a ver com a dor e a tragédia do outro?”. Tudo. Se Deus está interessado, nós também devemos estar!

Não devemos nos deixar endurecer. Não devemos nos acostumar com a injustiça, com a dor, com o esquecimento e o abandono de vidas humanas. Na fé cristã somos chamados a ser o samaritano que cuida e paga a conta. Somos chamados e lembrar dos que estão passando pelo que jamais passamos. Somos chamados a servir e ser a chance que o outro precisa. Nem sempre nossa atitude mudará o outro, mas ainda assim é o que devemos fazer. Alguns se aproveitarão de nossa bondade e ficaremos decepcionados, mas ainda assim devemos insistir e escolher o caminho da misericórdia e do amor. Esse é o caminho da fé cristã. É neste caminho que caminharemos lado a lado com nosso Mestre. É nele que O encontraremos.

 

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