“No primeiro dia da semana, de manhã bem cedo, as mulheres tomaram as especiarias aromáticas que haviam preparado e foram ao sepulcro. Encontraram removida a pedra do sepulcro, mas, quando entraram, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Ficaram perplexas, sem saber o que fazer.” (Lucas 24.1-4a)
Costumamos dizer que a manhã da ressurreição foi gloriosa! E de fato foi. Mas foi também confusa. Os discípulos não esperavam que Jesus morresse. Mas ele morreu, como havia dito. Uma vez morto, decepcionaram-se e sentiram-se perdidos. Agora precisavam decidir o que fariam de suas vidas visto que “o sonho acabou.” Mas antes que assimilassem o golpe, tudo mudou de novo. As mulheres foram ao sepulcro honrar o Jesus morto, mas a pedra estava tirada e o corpo havia sumido. Outra mudança: as coisas não estavam como esperavam. A morte e ressurreição de Jesus foi uma montanha russa para seus seguidores. Para todos, sem exceção. Eles ficaram confusos porque não creram em Jesus.
Jesus é incompreensível. Se quisermos ser seus seguidores o caminho é a fé. Não a fé que temos visto no mercado religioso que, em lugar de nos levar a fazer o que Deus quer, pretende levar Deus a fazer o que queremos! Uma fé incapaz de se satisfazer com o que Cristo fez e que pretende completar o que está consumado. Uma fé que vive e sobrevive do pedido e não da gratidão. Que acha estranho sofrer, sentir-se perdido e ficar confuso, mesmo tendo Jesus dito que seria assim. A fé do mercado religioso tem o tamanho do oceano e a profundidade de uma poça d’água. É desencontrada do Jesus Cristo de Nazaré. O melhor que pode fazer por nós é nos decepcionar. Se não nos decepcionar, nos escravizará nas ilusões da imaturidade.
A pedra deslocada e o sepulcro vazio eram as melhores notícias da história, mas as mulheres não entenderam. Os discípulos também não. Podemos olhar de longe hoje e ver isso facilmente. Mas temos dificuldades para ver o que está diante de nós. Para ver que, como eles, andamos confusos sobre Jesus e o que esperar dele. A fé que deveria nos curar está nos adoecendo, porque alimenta expectativas erradas. Não sabemos ouvir o “a minha graça te basta pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Queremos nos livrar dos espinhos. Não temos ideia do poder e significado dos cravos e da cruz. E não cremos no que Cristo disse: está consumado. Que a manhã da ressurreição confronte e destrone toda fé desviada, egocêntrica e puramente religiosa que por ventura nos habite.