Uma mulher de 37 anos denunciou nas redes sociais o crime de racismo cometido por um segurança de metrô contra as filhas dela, que são gêmeas e têm três anos, em Salvador.
Em entrevista, a mãe das meninas disse que o homem chamou as vítimas de “Bucha 1 e bucha 2”, em referência a lã de aço, usada para lavar pratos.
Conforme a mãe das meninas, Sandra Weydee, de 37 anos, o caso aconteceu na noite de sábado (25), por volta das 18h30, na estação Rodoviária. A mulher, que trabalha como técnica de metalúrgica e soldadora, disse que voltava de um passeio com as meninas.
“A gente [mãe e filhas] estava no Iguatemi passeando e ia voltar para casa. Tinha três seguranças, dois negros e um branco, próximos da catraca. O branco estava de costas, quando ele virou e viu minhas filhas, ele gritou: ‘Misericórdia’ e eu fiquei sem entender. Aí ele completou: ‘Bucha 1 e Bucha 2”, disse Sandra.
Segundo Sandra, os outros dois seguranças ficaram “sem graça” com a atitude do colega, que ficou rindo. A mulher disse que as meninas, que se chamam Valentina e Verena, começaram a perguntar o que era “bucha”.
“Elas começaram a me perguntar o que era ‘bucha’ e porque ele estava chamando elas assim. Uma delas é mais ‘para frente’ e disse para a outra: ‘Ele estava falando do nosso cabelo'”, lembrou a mãe das meninas.
Sandra Weydee conta que ficou sem reação após ouvir o ato de racismo e decidiu entrar no vagão do metrô, mas depois mudou de ideia e voltou para procurar o segurança.
“Quando eu cheguei lá [na catraca do metrô], encontrei o mesmo segurança que presenciou tudo e ele disse que ele [suspeito] já tinha largado o plantão. O segurança tentou se desculpar, disse que o amigo também era pai de família, que foi uma brincadeira e que ele percebeu que não tinha que falar isso”.
“Mas eu disse a ela que não adiantava um pedido de desculpas. Estamos cansadas de assistir casos de racismo na televisão. Eu nunca tinha passado por isso, porque sou branca, mas o pai delas é negro. Elas são modelos, o cabelo é natural, elas gostem do black e eu também gosto”, disse Sandra.
O caso ainda não foi registrado na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), porque segundo Sandra, foi orientada a voltar na quarta-feira (28), por causa da paralisação de 48 horas, dos policiais civis.
Em nota, a CCR Metrô, que administra o serviço, disse que repudia atitudes racistas ou discriminatórias e está apurando o caso citado pela cliente. A concessionária também ressaltou que respeita e valoriza a pluralidade da Bahia e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero.
Fonte: G1 Bahia