Confinado, enclausurado.
Segundo Sartre “a existência precede a essência”.
Em meio a essa batalha, protagonizamos um momento em que existir deixa espaço curto para a essência de escolhas, mas o ser humano é criativo, muitas formas novas do ato de existir estão surgindo.
Vivemos um daqueles raros instantes da história em que a compressão de mundo se altera, em que a rotina do cidadão, de liberdade, igualdade e fraternidade, bandeira da revolução francesa, está restrito apenas a solidariedade.
Nunca tivemos a igualdade, mas agora este ideal está cada vez mais distante. Impossível não se sensibilizar com legiões de pessoas pobres, na fila da Caixa Econômica, passando a noite, para receber o auxílio emergencial, aí espelha a desigualdade gritante do nosso país, e do mundo, quando sabemos de milhões de americanos em busca do seguro-desemprego.
O confinamento, que é a perda de liberdade, deixa de aflorar a essência, de sobrevivência destas populações pobres. Restando a solidariedade dos mais ricos, no intuito de minimizar o sofrimento e a fome.
Durante um curto período de lockdown habitamos em dois mundos, flutuamos entre eles. O mundo do existir, pois todos nascemos, e o outro mundo de essência de cada alma humana, que quanto mais pobre economicamente, mais difícil acender a essência do existir.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.