Lidando com diferenças

“Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está de pé ou cai. E ficará de pé, pois o Senhor é capaz de o sustentar.” (Romanos 14.3-4)

Desde os primeiros anos da era cristã a questão dos costumes estava presente, como podemos ver. A religião judaica, que de certa forma foi o berço do cristianismo, era cheia de regras e normativos. Mas o cristianismo não veio como uma continuação do judaísmo. Jesus estabeleceu uma nova aliança e muito diferente da anterior. Tanto os Evangelhos quanto os escritos dos apóstolos não deixam dúvidas quanto a isso. Não se tratava de uma negação, mas de uma profunda mudança. Os rudimentos da fé estavam passando. Deus se fez presente.

Na comunidade cristã do primeiro século havia quem observasse regras quanto à alimentação e outros que não o faziam. Paulo não procura uniformizar a prática: todos devem comer ou todos estão proibidos de comer. Comer ou não era de menor importância, e continua sendo! Cada um deveria seguir sua consciência, segundo sua própria fé. Mas há algo inegociável: o amor. Todos têm o direito de comer ou não, mas todos têm o dever de respeitar, amar e aceitar o irmão.

Das diversas divisões que podem ser vistas hoje, muitas resultam da falta de amor. Foram motivadas por regras, costumes, “comer ou não comer”. A liberdade não é simples e exige maturidade. Quando nos sentimos livres, tendemos a dar aos outros a mesma liberdade. O contrário também é verdade. Se não me sinto livre, não consigo suportar a liberdade do outro. Precisamos mais da graça e sabedoria divinas. Sempre estaremos diante do desafio de lidar com diferenças e devemos ter o cuidado de não dar o peso de sagrado ao que apenas reflete nossa própria condição. Afinal, em Cristo somos livres!

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