Lei de Moisés e lei de Cristo

“Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.” (Gálatas 6.2)

A carta Aos Galatas é um texto que se ocupa de discutir o triunfo da graça de Cristo sobre a Lei de Moisés. A igreja estava sendo ensinada por alguns líderes que deveria observar os preceitos da lei mosaica pois apenas a fé em Cristo não seria suficiente. Paulo, de maneira forte e firme, combate este ensino e demonstra que o tempo da lei já havia passado. Ela havia cumprido seu papel e agora a esperança da glória de Deus repousava sobre os seres humanos por meio da fé na obra redentora realizada por Cristo.

Todavia, o apóstolo que resiste a ceder um lugar para a Lei de Moisés no plano redentor de Deus em Cristo, fala da Lei de Cristo como o critério de vida para os redimidos. A vida na graça também tem seus mandamentos e aqueles irmãos deveriam cumpri-los. Mas há uma diferença interessante nas ideias relacionadas a uma e outra lei. A Lei de Moisés ocupava-se de orientar para que o ser humano pudesse ser aceito por Deus, prescrevendo recomendações e proibições as mais diversas para que não houvesse culpas.

A Lei de Cristo ocupa-se de orientar as relações entre os seres humanos, visto que a relação com Deus é mediada pelo próprio Cristo e sua graça. Sem que haja méritos, Cristo pela graça abre as portas da comunhão com Deus. Porém, uma vez nesta comunhão, há mandamentos que definem nossa obediência e eles referem-se ao modo como tratamos uns aos outros. E então Paulo, numa expressão que procura sintetizar a idéia, diz: levem os fardos pesados uns dos outros e assim cumpram a lei de Cristo.

Sob a graça redentora do Evangelho, adoramos e servimos a Deus sendo amorosos e cuidadosos uns com os outros. Nela, não podemos dizer que amamos a Deus se não amamos uns aos outros. Nela, o juízo se dará, não pelo que deixamos de fazer para Deus, mas pelo que deixamos de fazer pelo próximo (Mt 25.40). Sob a graça redentora do Evangelho a santidade se constrói pelo compromisso de amar. O amor não pratica o mal contra o próximo (Rm 13.10), não se porta inconvenientemente e sempre busca o que é justo e verdadeiro. Não inspira arrogância, egoísmo, inveja ou vanglória. Sabe perder, sofrer, esperar e é paciente (1 Co 13.4-7). O amor produz uma ética que podemos chamar de santidade e que não se inspira no medo do castigo e muito menos no interesse por recompensas. Inspira-se no anseio por honrar a Deus.

A vida pelo Evangelho não depende da Lei de Moisés e nem precisa dela. Ela se apoia na Lei de Cristo, que nos manda amar e servir. É assim que nos revelamos seguidores do Mestre e cumpridores de Sua vontade. Portanto, que sejamos cumpridores daquilo que Cristo nos ordenou.

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