Lama de resíduos pode atingir bacia de Abrolhos, mas não chegará à Bahia

Segundo João Carlos Thomé, coordenador do projeto Tamar/ICMBio, volume de sedimentos não terá força para chegar ao arquipélago

Não há indícios nem informações oficiais de que a lama proveniente do rompimento da Barragem da Samarco, em Minas Gerais, chegue ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no Litoral Extremo Sul da Bahia. A informação é do chefe da reserva natural, o analista ambiental Fernando Repinaldo.

De acordo com Repinaldo, Abrolhos é uma bacia extensa da qual menos de 2% compõem o Parque localizado na Bahia. “Existe uma porção da camada continental chamada banco de Abrolhos. É uma área que se alarga muito e que vai da Foz do Rio Doce, no limite sul, até a foz do rio Jequitinhonha. O Parque corresponde a uma extensão de menos de 2% dessa área”, explicou.

Ainda de acordo com Repinaldo, a distância entre a foz do Rio Doce e o Parque Nacional de Abrolhos é superior a 200 km. “Ainda não temos confirmação, dados que dão a dimensão se a lama vai chegar, quando e como ela chegará na foz do Rio Doce. Mesmo assim, lá na foz já está sendo tomada uma série de medidas, como a retirada de animais que são daquela região, por exemplo”, disse.

O banco de Abrolhos, uma área mais rasa com recife de corais, estende-se por aproximadamente 400 km a partir da foz do rio Doce em direção ao Nordeste do país. Ele está distante cerca de 300 km do conhecido arquipélago dos Abrolhos, ao sul do litoral baiano, área pertencente ao parque nacional homônimo.

Segundo João Carlos Thomé, coordenador do projeto Tamar/ICMBio, dificilmente o volume de sedimentos terá força para chegar ao arquipélago, mas há risco de soterrar localmente trecho de recife de corais no banco de Abrolhos, que fica imediatamente depois da foz do rio Doce.

“A gente não tem condição de dizer qual será o impacto, porque não sabemos com qual concentração de sedimentos vai chegar [a lama], mas estamos nos preparando para o pior”, explicou.

Ainda de acordo com Thomé, caso chegue ao recife de Abrolhos, a lama provocará uma grande mortandade de toda a biodiversidade do estuário, considerada uma das principais zonas de reprodução de espécies marinhas do país, onde tartarugas-de-couro e tartarugas cabeçudas, espécies ameaçadas de extinção no mundo, reproduzem.

Em matéria publicada nesta segunda-feira (16) no jornal O Globo, ambientalistas relatam que, caso alcance os Recifes de Abrolhos, na região do Espírito Santo, os danos ao ecossistema local serão grandes. De acordo com o jornal, especialistas passaram a última semana em uma força-tarefa removendo golfinhos e tartarugas que vivem e se reproduzem apenas naquela região, na tentativa de minimizar os impactos, caso a lama chegue ao local, onde vivem mais de 500 espécies.

 

 

 

Correio, com agências

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