Internado há 15 dias no hospital São Rafael, com problemas cardiorrespiratórios, na noite de sábado (25) Juca Chaves, o menestrel maldito, morre aos 84 anos. Fui na década de noventa a um show no Castro Alves e tudo o que ele dizia vinha de um lugar da sátira politica.
Fez sátira da Lava-Jato:
“A honestidade há muito já sumiu/As consequências vêm sempre depois/ Por isso, todo dia, pra alegria do Brasil/ Morre um ladrão e nascem dois”, diz a canção “Adeus em Ritmo de Lava Jato”, que faz referência ao esquema de desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, empreiteiras. Para ele, a corrupção “atingiu um ponto tão alto que já virou humor”.
Ele sabia improvisar. Foi um crítico do Regime Militar, da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico. Chegou a ser exilado em Portugal na década de 70, mas, ao incomodar o regime editorial, com suas sátiras que então ganhavam espaço nas rádios e televisão locais, transferiu-se para a Itália.
O sabor da sua vida foi o humor e a sátira. Como uma persiana que se fecha, os lábios que fizeram rir se transformaram numa linha fechada e triste. Toda a animação desapareceu, restando apenas a expressão vazia e fria da morte.
A morte é a lógica das coisas ilógicas. Um dia, mais cedo ou mais tarde, sem mais nem menos, esbarraremos com ela.