Jovem de 23 anos é primeiro baiano achado morto na tragédia de Brumadinho

Um jovem de 23 anos é o primeiro baiano a ser encontrado morto na tragédia de Brumadinho (MG). Ednilson dos Santos Cruz trabalhava no terreno da Vale no momento em que a barragem de rejeitos rompeu. O mecânico ficou desaparecido por três dias. Outros seis baianos ainda não foram encontrados. O último boletim divulgado na noite desta terça-feira (29) aponta 84 mortos e 276 desaparecidos no acidente.

Natural da cidade de Santo Amaro, no recôncavo da Bahia, Ednilson dos Santos morava há 10 anos em Mário Campos (MG), a cerca de 8 km de Brumadinho. Em entrevista, o pai dele e também baiano, Edmilson Evangelista da Silva, de 42 anos, contou que levou o filho para Minas Gerais para dar uma vida melhor ao rapaz. Ele mora na região há 22 anos.

Eu trouxe meu filho para tentar dar uma vida melhor, evitar que ele seguisse caminhos ruins. Nós que somos pais pensamos essas coisas

Assim como os outros baianos desaparecidos, Ednilson era funcionário de uma empresa terceirizada, que prestava serviços para a Vale. O jovem era casado e a esposa dele está grávida de uma menina. De acordo com o pai da vítima, a mulher pode dar à luz a qualquer momento. A família está abalada.

A família está no desespero, na angústia. Só Deus para dar força para a gente neste momento. Não é fácil

Segundo Edmilson Evangelista, o filho foi encontrado morto por familiares, que trabalham como voluntários no local da tragédia, na segunda-feira (28). Em seguida, o corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) da região, onde foi identificado. O nome do jovem está na lista de vítimas divulgada pela Vale.

Ednilson foi enterrado na cidade de Mário Campos nesta terça-feira (29). O pai dele contou que o sepultamento foi custeado pela Vale. Contudo, de acordo com Edmilson, a empresa ainda não procurou a família para falar sobre a tragédia.

Tragédia

Vista aérea mostra consequências do rompimento da barragem — Foto: Moisés Silva/ O Tempo/ Estadão Conteúdo
Vista aérea mostra consequências do rompimento da barragem — Foto: Moisés Silva/ O Tempo/ Estadão Conteúdo

O rompimento da barragem de rejeitos ocorreu na sexta-feira (25) e atingiu o Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Por onde a lama passou, deixou um rastro de sujeira e pessoas desaparecidas. Além das instalações da Vale, uma pousada e algumas casas foram destruídas.

Contudo, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, diz que os principais atingidos são funcionários da empresa. Eles estavam em horário de almoço no momento da tragédia, e o refeitório do local foi atingido.

Dos 84 mortos encontrados até esta terça-feira, apenas 42 foram identificados. Alguns deles já foram enterrados, como o Ednilson dos Santos.

Pai e filho estão desaparecidos em tragédia de Brumadinho — Foto: Arquivo pessoal
Pai e filho estão desaparecidos em tragédia de Brumadinho — Foto: Arquivo pessoal

Outras 192 pessoas foram resgatadas vivas e 276 seguem sendo procuradas na lama. Entre eles, os seis baianos. Três deles são de Santo Amaro; dois de Mata de São João, na região metropolitana de Salvador; e um é da capital baiana.

Os baianos foram identificados, na ordem, como Ademário Bispo, de 51 anos, Alex Mário Moraes Bispo, de 22, George Conceição de Oliveira, de idade não divulgada, Cássio Cruz Silva Pereira, de 27 anos, Carlos Augusto Santos Pereira, de 49, e Tiago Coutinho do Carmo, de 34.

Ademário é tio de Alex e amigo próximo de George. Carlos é pai de Cássio. Eles, Tiago e Ednilson moravam no mesmo bairro, em Mários Campos. Todos se conheciam.

As buscas pelos desaparecidos, que começaram ainda na sexta-feira, completaram cinco dias nesta terça.

Buscas por vítimas em Brumadinho após rompimento de barragem seguem nesta segunda-feira (28) — Foto: AP Photo/Leo Correa
Buscas por vítimas em Brumadinho após rompimento de barragem seguem nesta segunda-feira (28) — Foto: AP Photo/Leo Correa
Bombeiros seguem com trabalho de buscas por vítimas e sobreviventes em Brumadinho — Foto: AP Photo/Leo Correa
Bombeiros seguem com trabalho de buscas por vítimas e sobreviventes em Brumadinho — Foto: AP Photo/Leo Correa

Fonte: G1

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