Jornalistas brasileiros são presos no Egito

Jornalistas brasileiros são presos no Egito

Dois repórteres brasileiros pela estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), foram detidos na noite desta quarta-feira (2) no Egito. Corban Costa, repórter da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, repórter cinematográfico da TV Brasil, viajaram até o Cairo para fazer a cobertura da crise política no país, mas não chegaram a produzir reportagens.

No trajeto entre o aeroporto e o hotel, o táxi com os dois foi parado em uma barreira policial. Em reportagem publicada pela Agência Brasil nesta quinta-feira (3), Costa conta que os carros sempre são parados para fiscalizações, e os documentos dos passageiros são revistados.

Os repórteres foram levados à delegacia e tiveram os passaportes e os equipamentos (câmera filmadora, notebook, celulares) apreendidos. Eles passaram cerca de oito horas sem água, presos em uma sala sem janelas em uma delegacia do Cairo, segundo reportagem da Agência Brasil.

A EBC informou que, para serem liberados, eles tiveram que assinar um documento em árabe, no qual, de acordo com a tradução do policial, concordavam em deixar o Egito imediatamente.

Em razão de os celulares dos repórteres terem sido apreendidos, a Diretoria de Jornalismo da EBC não conseguiu entrar em contato com eles até o momento da liberação. Costa e Rocha embarcam de volta para o Brasil à meia-noite desta quinta para sexta-feira. Os equipamentos não foram devolvidos aos repórteres.

Governo protesta
Segundo nota divulgada nesta quinta, o Ministério das Relações Exteriores “deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa reportados ontem e hoje”.

A nota informa que a embaixada do Brasil no Cairo “continuará prestando assistência a turistas e residentes brasileiros que se encontram no país”.

Outros jornalistas
Equipes internacionais e outros repórteres brasileiros também tiveram problemas no Egito. Nesta quinta, repórteres dos jornais “O Globo”, “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo” tiveram de deixar o hotel Hilton, onde está hospedada grande parte da imprensa porque partidários do presidente Hosni Mubarak ameaçam invadir o local.

O repórter Luiz Antônio Araujo, enviado do jornal “Zero Hora” ao Egito, relatou nesta quinta-feira que foi cercado por manifestantes favoráveis ao atual regime, armados com pedaços de pau e pedras. Ele disse ter sido agredido e roubado – a máquina fotográfica foi levada por manifestantes.

 Protestos internacionais
O Departamento de Estado dos EUA denunciou o que seria uma campanha organizada contra os meios de comunicação estrangeiros que cobrem a rebelião popular no Egito.

“Assistimos a uma campanha organizada a fim de intimidar os jornalistas estrangeiros no Cairo e perturbar seu trabalho de reportagem”, afirmou o porta-voz da diplomacia americana, Philip Crowley, em seu Twitter.

“Condenamos essos atos”, acrescentou.

O grupo Repórteres Sem Fronteiras também condenou a intimidação.

Jornalistas de vários países foram alvo de graves ataques e intimidações por parte de partidários do presidente Mubarak, que os acusa de tentar desestabilizar o regime.

Repórteres estrangeiros narraram no Twitter terem sido impedidos de filmar a partir do hotel Hilton, que oferece uma vista quase total dos episódios de violência.

Três jornalistas da televisão pública polonesa TVP foram interrogados pela polícia nesta quinta-feira no Cairo.

Uma equipe do canal CNN, chefiada por Anderson Cooper, foi molestada por partidários do presidente Mubarak que partiram para agressões, sem que os soldados, que estavam perto, interviessem.

Um jornalista grego foi agredido na quarta-feira por manifestantes com tacos de golfe perto da praça Tahrir. O correspondente do canal dinamarquês TV2, Steffen Jensen, foi interpelado por manifestantes favoráveis a Mubarak.

Jornalistas holandeses foram ameaçados, denunciou as redações para as quais trabalham em seus sites.

Tarek el-Chami, correspondente do canal americano em língua árabe al-Hourra, afirmou que somos sempre ameaçados.

Dois jornalistas do canal russo Zvezda, presos por desrespeito ao toque de recolher, na quarta-feira, “foram encontrados por diplomatas num serviço de contraespionagem militar”, informou a chancelaria russa.


Fonte: G1, com agências internacionais

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