Jerico

Jerico

Na minha infância, em Queimadas, lembro de um burro que meu avô tinha, sabia trotar entre o chalé e a casa dele, no automático. Este burrinho “mignon”, a quem o pelo crespo, as patas delgadas e as orelhas de enfeite, era um asno bom de montar, senti a delícia de montar e respirar o ar puro. O burrinho, que, como dito era, para mim, o símbolo do sertão. Aparentava estar sempre pronto, no meio revirar dos beiços, era quase uma criança. Guardava, além disso, a paradoxal aura de inteligência, peculiar aos burrinhos.

Montei muito nele que ia trotando até a casa de meu avô, cerca de um km. Quando pensamos no passado são as coisas bonitas que escolhemos sempre. Queremos acreditar que tudo permaneceu assim. Nos últimos anos que fui ao chalé ele já estava gasto pelo tempo, marcado pelas intempéries, se erodindo, para me recordar da passagem do tempo, segundo o sentido sutil da vida.

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