No dia 19 de novembro, foi realizado o IV Seminário de Diversidade Cultural, no Centro de Cultura de Porto Seguro, a partir das 14 horas. O evento, realizado pela Secretaria Municipal de Educação e organizado pelos setores de Diversidade Cultural e Educação Escolar Indígena, abordou a temática afro-brasileira, as políticas públicas de promoção da igualdade racial e aspectos históricos e culturais que envolvem as culturas africana e afro-brasileira.
O seminário foi apresentado pela coordenadora Afro da Secretaria de Educação, Gilmária Menzes, e teve como palestrantes os sociólogos Agnaldo Neiva e Cristiano Raykil.
A coordenadora do Centro de Cultura, Miriam Silva, saudou aos presentes e externou satisfação pela unidade estar recebendo mais um evento que evoca a cidadania. “O Centro de Cultura dá as boas vindas a todos. Estaremos sempre à disposição para acontecimentos como este”, disse.
Gilmária Menezes enfocou a temática afro-brasileira na sala de aula. Ela destacou a importância do reconhecimento da contribuição dos negros na construção da sociedade brasileira. “Os livros mostram imagens estereotipadas de negros e índios. É preciso que seja mostrado o legado desses povos, para que os educandos dessas etnias vejam essa questão de uma maneira positiva”, ressaltando que o município é regido por uma legislação que determina a obrigatoriedade da capoeira na sala de aula. “É um patrimônio imaterial nacional que deve ser difundido. A capoeira é um aspecto forte na cultura da Bahia e também em Porto Seguro”, frisou.
Gilmária enfatizou que todas as etnias devem ser respeitadas, levando em conta seus processos históricos. Ela disse ainda que a Lei 11.645/08 estabelece a disciplina História da África no ensino público, a qual atualmente também contempla a cultura indígena.
Resistência negra e indígena
O palestrante Agnaldo Neiva lembrou que no dia 20 do corrente mês se celebra os 316 anos da imortalidade de Zumbi. O sociólogo declarou que as relações raciais não foram alteradas com o processo de crescimento econômico do país e que o exercício da cidadania passa pelo acesso ao poder. “Queremos o poder de discutir, o poder de transformar, o de implementar. O movimento de resistência negra não começou neste ano e muito menos quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, mas quando o primeiro negro foi retirado da África”, acrescentando que, no tocante à questão indígena, Porto Seguro foi palco do único movimento de resistência às comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, no ano 2000.
O secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social afirmou que a prefeitura tem se dedicado à promoção da igualdade racial. Para ele, o preconceito na sociedade existe e não pode ser mascarado. “No Brasil e no mundo esse problema precisa ser atacado. No município, temos trabalhado nesse sentido”, explanou.