Bebê nasceu na noite de segunda-feira, após quantia ser paga.
Unidade diz que procedimento não foi autorizado e que valor será devolvido.
Um morador da cidade de Itabuna, no sul da Bahia, afirma que teve que pagar dois salários mínimos a um médico para que fosse realizado o parto do filho dele. Luís Henrique do Espírito Santo relata que a esposa estava internada na Maternidade Ester Gomes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas R$ 1,2 mil foram cobrados pelo médico da unidade de saúde para que fosse realizada uma cesariana. O bebê nasceu na noite de segunda-feira (5).
“Eu levei a minha esposa no sábado (3) e ele [médico] mandou voltar no domingo (4). No domingo, ela foi de novo, passou a madrugada e nada de ter o neném. Quando chegou na segunda-feira à tarde, ela falou comigo e disse que não estava aguentando mais. Eu fui na recepção e pedi para a mulher perguntar ao médico o valor pra fazer o parto. Ele disse que, se eu pagasse dois salários [mínimos], faria”, conta o pai da criança.
Luís Henrique aponta que, então, decidiu pedir o dinheiro emprestado ao pai para pagar o médico. “Minha irmã trouxe o dinheiro e ele fez o parto. Só que o gerente [da maternidade] descobriu e disse que o médico errou. Disse que, se ela estava internada pelo SUS, como é que ele vai cobrar?”, acrescenta. O G1 procurou o médico responsável pelo procedimento. Por telefone, ele informou que prefere não comentar o assunto.
De acordo com Leopoldo dos Anjos, diretor administrativo da maternidade, o parto pago, feito pelo médico, não foi autorizado pela unidade. “Médico nenhum tem esse orientação. Isso foi um acerto entre o esposo e o médico. Quando eu soube dessa história, soube através da imprensa e tomei as providências. O hospital não ficou com nenhum centavo”, afirma.
Leopoldo dos Anjos aponta que o dinheiro será devolvido aos pais da criança na quarta-feira (7) e que o médico responsável será advertido. “Acho que família ficou agoniada porque o trabalho de parto é complicado e, então, procuraram o médico. Já entrei em contato com ele [o médico] e vou fazer uma advertência para que isso não aconteça mais”.
A maternidade atende a cerca de 120 municípios da região e realiza mais de 450 partos por mês, informa o diretor. Segundo o pai da criança, o bebê nasceu saudável e deverá receber alta, assim como a mãe, também na quarta-feira. “Agora está tudo resolvido. O gerente disse que vai entregar o dinheiro amanhã e eu vou devolver ao meu pai”, conta Luís Henrique.
Fonte: Ruan Melo e Tatiana Maria Dourado/G1