Itabuna: Lixo recolhido nas ruas não tem destino adequado

Quando o lixo é recolhido, acaba em um lixão. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Urbana, três de cada dez municípios brasileiros destinam seus detritos para lixões.

A destinação do lixo que nós brasileiros produzimos é o tema do JN no Ar desta semana. A equipe foi ao sul da Bahia, o estado da Região Nordeste que descarta a maior quantidade de lixo de forma inadequada.

O JN no Ar viu que o descarte do lixo não é um problema apenas da empresa de coleta ou da secretaria responsável pela limpeza urbana. Há muita sujeira, móveis, todo tipo de lixo abandonado pela população nas ruas. Quando o lixo é recolhido, acaba em um lixão. Itabuna não está sozinha. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Urbana, três de cada dez municípios brasileiros destinam seus detritos para lixões.

Para-choque de carro, móveis velhos, cacos de azulejo: é isto que se vê logo na entrada da cidade de Itabuna.

“Todo lugar aqui tem lixo. É sempre assim”, diz um homem.

Montes de lixo se acumulam nas esquinas e nos terrenos baldios. “Mal consigo trabalhar por causa do mal cheiro”, reclama o serralheiro Gildo Silva.

A pista do aeroporto de Itabuna está desativada há mais de dez anos. Como o aeroporto não é usado há tanto tempo, virou mais um ponto de descarte irregular de lixo. Até a prefeitura decidiu que esse era um bom lugar para deixar os restos de uma obra que está sendo feita em um canal da cidade. Há entulho, lama, esgoto e um cheiro insuportável que vem dos montes que já ocupam mais da metade da pista.

A prefeitura informou que a empresa responsável pela obra foi advertida. Não houve punição, apenas uma promessa de aplicar multas ambientais a partir desta quinta-feira (12).

O lixo hospitalar de Itabuna já tem destinação correta. A mudança foi há dois meses.

“A gente coleta esse lixo na rede pública e particular de saúde. Vem para cá, onde é tratado. Depois, é encaminhado para um aterro licenciado. Imagine esse resíduo ser jogado direto no lixão, o risco que tem para a saúde pública”, explica o empresário Rafael Monteiro.

Dos hospitais e postos de saúde, o lixo vai para incineração. As cinzas são enviadas para um aterro sanitário em Camaçari, da região metropolitana de Salvador.

O lixão de Itabuna tem 30 anos e poucos cuidados. Só uma camada de terra cobre as dos detritos.

“O controle do gás… Não estamos queimando gás, e não estamos dando o destino do chorume. Faltam duas condições para um aterro controlado. Ainda não temos. Estamos tratando, mas no momento não temos. Podemos dizer que é um lixão”, reconhece o secretário de Desenvolvimento Urbano José Alencar.

Diante do lixo doméstico que a cidade coleta, dá para ver que não há cuidado dos moradores com o descarte de remédios e seringas, que acabam se misturando com restos de comida e embalagens.

Toda a umidade do lixo, mais a chuva que cai no terreno, escorrem por uma montanha que se formou ao longo dos anos e vira um líquido preto que é chamado de chorume. Ele tem um cheiro muito ruim e é altamente contaminado. Com o tempo, o chorume se infiltra na terra, mas não desaparece.

A água é puxada para baixo pela gravidade e carrega junto material orgânico apodrecido. Debaixo da terra, o chorume continua se infiltrando até atingir o lençol freático, que alimenta os rios.

Em Itabuna, o rio mais próximo está a cinco quilômetros do lixão.

“A tendência é que chegue até o Rio Cachoeira. Esse chorume tem capacidade também de reter outras substâncias tóxicas, como metais pesados”, conta o engenheiro agrícola José Adolfo de Almeida.

Cada caminhão que chega alimenta o garimpo do lixo. Ganha mais quem consegue a melhor parte do que não prestava mais para outras pessoas.

Diana recolhe material reciclável para vender e consegue R$ 10 depois de um dia inteiro de trabalho.

O catador de lixo Ramiro Alves da Silva está no local há sete anos. A casa dele é toda feita com o que foi encontrado no lixo. Por falta de opção, ele se acostumou e passou a elogiar o lixão que o ajuda a sobreviver: “Todo mundo pergunta onde eu moro. Eu digo que moro num lixão. Para mim, eu moro no paraíso.”

O JN no Ar segue agora para Itu, em São Paulo, um dos municípios brasileiros onde a destinação do lixo é feita de forma correta, em aterro sanitário. Nesta sexta, a reportagem mostra também as diferenças entre as várias formas de descarte e seus efeitos para o meio ambiente.


Fonte: Jornal Nacional

 

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